Duas universidades lançaram um inquérito aos estudantes com o objetivo de saber se a Covid-19 aumentou os níveis de stress ou ansiedade e se lhes trouxe mais medos associados ao dia a dia. A resposta, embora ainda parcial, é que sim e bastante.
O estudo, desenvolvido pelo laboratório StressLab do Departamento de Educação e Psicologia da Universidade de Aveiro e a Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra, teve início em março e ainda está disponível para ser respondido nas próximas duas semanas.
“Queremos identificar o impacto da pandemia nos alunos para, no final, podermos dar orientações às universidades sobre como lidar para prevenir este problema”, explica Anabela Pereira, professora de psicologia da Universidade de Aveiro e coodenadora do projeto em parceria com Víctor Duque, infecciologista na Serviço de Doenças Infecciosas na Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra.
Foram recebidas, até agora, 820 respostas e, dessas, para já, foram analisadas 440 relativas as estudantes do ensino superior entre os 21 e os 40 anos. As duas partes do questionário, uma relativa à ansiedade generalizada e outra aos medos e suas causas individuais ou coletivas, revelaram que os níveis de ansiedade aumentaram 27% em relação ao período pré-Covid. “É um número muito alto”, diz a professora. As mulheres revelaram ser mais ansiosas, “o que não foge à norma geral”, e os homens têm mais fatores de risco associados, como o consumo de álcool e tabaco.
Desta amostra de 440
alunos também sobressai o medo de viajar, o stress causado pelo
exagero de informação que circula nas redes sociais caso se esteja
infetados , “o que leva as pessoas a pensar que não vão conseguir
ler e saber tudo”, nota Anabela Pereira, ampliando o seu medo. O
receio de não estar a tomar as medidas de proteção individual
necessárias foi referido por muitos estudantes, assim como se
verificou que os que têm estilos de vida mais saudáveis são menos
ansiosos e medrosos.
O inquérito era para já estar encerrado,
mas o desconfinamento parcial na Região de Lisboa e Vale do Tejo
devido ao aumento de casos de Covid-19, veio dar a volta aos
investigadores. No entanto, e porque “não deve estar muito mais
tempo online”, confirma a professora, vai ser encerrado daqui a
cerca de duas semanas. Depois disso será feita a análise global das
respostas.