Estudos anteriores sugeriam que as crianças eram muito menos propensas a desenvolver sintomas graves quando infetadas pelo coronavírus, em comparação com outras faixas etárias. O que não se sabia era a razão para isso acontecer. O que este estudo sugere é que são infetadas na mesma, mas conseguem combater essa infeção com mais eficácia.
“As crianças têm a mesma probabilidade de serem infetadas”, salienta Justin Lessler, epidemiologista da Escola de Saúde Pública John Hopkins Bloomberg, nos EUA. “Só que não adoecem”, acrescenta aquele cientista, responsável pelo estudo agora divulgado pela revista Nature.
“Esta é a primeira evidência clara de que as crianças são tão suscetíveis quanto os adultos à infeção. Só não se observaram surtos nas escolas porque os sintomas nas crianças são normalmente leves”, avançou Ben Cowling, epidemiologista de doenças infeciosas da Universidade de Hong Kong, que também colaborou no estudo.
Só não ficou ainda claro se as crianças têm um papel ativo na transmissão do vírus, como ocorre durante a gripe. Aí, os mais novos costumam desenvolver sintomas e são agentes ativos na transmissão da doença. “Quando dizemos que contenção não é uma opção”, sublinha Lessler, “ não podemos ignorar as crianças”.