Os ataques terroristas, afinal, não aterrorizam as pessoas e a ideia de que estes eventos têm muito impacto na saúde mental tem sido exagerada por vários políticos, pelas autoridades no geral e pelos media. É a conclusão de uma investigação, publicada na revista científica The Lancet Psychiatry, depois de analisar mais de 400 estudos que relacionaram o terrorismo com a saúde mental.
Nas conclusões do estudo, os investigadores põem ainda em causa o facto de as pessoas poderem ficar traumatizadas apenas com o que observam a partir da televisão, já que não há evidências conclusivas sobre isso. “A conclusão tranquilizadora do nosso trabalho é que o terrorismo não aterroriza”, afirma Bill Durodié, professor do departamento do departamento de política, idiomas e organizações internacionais da Universidade de Bath, no Reino Unido, e autor do estudo.
“Depois dos ataques de 11 de setembro, foi feito um esforço gigante para se descobrirem evidências de perturbação de stress pós-traumático em pessoas que afirmaram terem sido afetadas por esses acontecimentos, direta ou indiretamente, através dos media.”, explica.
O investigador diz que “há claras evidências da resiliência das pessoas perante estes eventos”, ao contrário do que vários anúncios de políticos e autoridades, assim como os media, dão a entender, referindo que afetam negativamente a saúde mental e o bem-estar geral.
Até aos acontecimentos de 11 de setembro, os pesquisadores não encontraram nos estudos quase nenhum foco na ligação entre terrorismo e saúde mental. Já depois dessa data houve um aumento sinificativo no número de artigos com foco nessa relação. Mesmo assim, não foi observada uma associação clara entre ataques terroristas e perturbação de stress pós-traumático.
Os autores do estudo acreditam na importância de os políticos e comentadores televisivos, por exemplo, destacarem a resiliência das pessoas que passam por estes eventos traumáticos, em vez de se focarem na vulnerabilidade física associada a eles. Com isto, os investigadores não pretendem que as vítimas não recebam apoio psicológico, muito pelo contrário: é importante estar-se atento a todos os sinais, falar do que se sente e receber-se o acompanhamento necessário.