A ideia de que os animais de estimação estão ligados à duração da vida humana não é nova. Na verdade, esta noção pode ler-se em manuscritos bastante antigos, embora o primeiro estudo desta matéria tenha apenas 40 anos. No entanto, uma equipa de investigadores da Universidade de Londres e da Universidade de Cambridge vêm agora dizer o contrário.
O estudo, lançado na semana passada e publicado no jornal britânico BMJ, analisou 8785 adultos com uma idade média de 67 anos entre 2010 e 2011. A equipa usou os dados do English Longitudinal Study of Ageing (ELSA) – um estudo contínuo e ainda a decorrer que começou em 2002. Para analisar a relação entre o companheirismo dos animais e o envelhecimento, os investigadores usaram biomarcadores nos domínios físico, imunológico e psicológico.
Um terço dos inquiridos admitiu ter um animal de estimação: 1619 (18%) tem um cão, 1077 (12%) um gato e 274 (3%) tem outro animal. Depois de avaliar um conjunto de variáveis consideradas relevantes como tabagismo e alcoolismo, os investigadores não encontraram relação de ter um animal com a velocidade com que os participantes executavam diversas atividades como caminhar, levantar de uma cadeira, estar em pé ou manter o equilíbrio. Também não encontraram ligação com melhorias no funcionamento dos pulmões e do coração nem com a memória ou a depressão. Concluiram assim que “nesta população de adultos mais velhos, a companhia de criaturas grandes e pequenas parece não conferir nenhuma relação com fenótipos – características observáveis de um organismo ou população – de envelhecimento”.
Depois de separar os participantes por género, os resultados foram os mesmos. Os pesquisadores destacaram que o estudo era apenas observacional, portanto, não existiam conclusões sobre causas e efeitos. No entanto, Richard Watt, um dos autores do estudo e professor, destaca que “pelo menos no presente estudo de adultos mais velhos na Inglaterra, companheirismo animal parece conferir essencialmente nenhuma relação com os biomarcadores físicos e psicológicos do padrão do envelhecimento”.
Estudos anteriores tinham já sugerido que existiam consequências tanto positivas como negativas em ter um animal de estimação. As vantagens de ter um animal passavam então pela melhoria no estado psicológico do dono por ter uma companhia e pelo aumento da atividade física no que diz respeito aos donos de cães. A principal desvantagem seria o sofrimento causado pela perda do animal. Na altura, 10% dos participantes admitiram que o animal de estimação era a única companhia que tinham.