Uma nova revisão de vários estudos realizados ao longo dos últimos vinte anos revela que o excesso de exercício físico pode originar alguns problemas ao nível dos intestinos que, por sua vez, irão afetar a digestão a curto e longo prazo.
A equipa de investigadores, liderada pelo luso-australiano Ricardo Costa, descobriu que, com o aumento da intensidade e da durabilidade do exercício, registou-se um aumento proporcional do risco de danos no intestino e nas funções intestinais: as células ficam danificadas, o que vai permitir que as endotoxinas patogénicas – geralmente isoladas no intestino – passem para o fluxo sanguíneo. Esta “síndrome gastrointestinal induzida pelo exercício” pode levar problemas de saúde agudos ou crónicos.
“Identificámos vários fatores prejudiciais que podem ser controlados e várias estratégias de prevenção podem atenuar ou mesmo eliminar os danos”, diz Ricardo Costa, da Universidade de Monash, na Austrália.
“Recomenda-se que indivíduos com sintomas de distúrbios intestinais, realizem uma avaliação do intestino durante a prática de exercício físico, para verificar o que está a causar os problemas e desenvolver estratégias individuais”, acrescenta.
A revisão, publicada na revista científica Alimentary Pharmacology & Therapeutics, também indicou que, para pacientes com síndrome do intestino irritável ou doença inflamatória intestinal, praticar exercício físico de intensidade baixa ou moderada pode ser benéfico. No entanto, apesar de não terem sido feitos testes que revelem que exercícios de alta intensidade serão prejudiciais, os investigadores acreditam que não será benéfico para esses pacientes.