Mais do que uma causa, não ter capacidade para se levantar e dormir demais são, na verdade, sintomas prévios de alterações cerebrais que podem levar à demência. O que, de forma pouco animadora, significa que reduzir o numero de horas dormidas dificilmente poderá reduzir o risco.
Um grupo de investigadores americanos, da universidade de Boston, levou a cabo um estudo sobre o tema que levou a esta conclusão: quem dorme, de forma consistente, mais do que nove horas por noite, tem duas vezes mais probabilidade de vir a desenvolver demência. No caso dos participantes do estudo, dormia igualmente mais de nove horas por dia e que não tinham o ensino secundário, o risco aumentava seis vezes, sugerindo que o fator “educação” pesa bastante na redução desta propensão. Descobriu-se ainda uma relação entre o excesso de horas de sono e uma redução do volume do cérebro
Matthew Pase, professor do Centro Médico da Universidade de Boston e o investigador responsável por este trabalho explicou que “ir medindo a duração do sono pode ser uma ferramenta útil para prever o risco de cada pessoa de vir a desenvolver demência num prazo de dez anos.” Segundo ele, “as pessoas que reportem longos períodos de sono devem ser avaliadas e monitorizar os seus problemas de raciocínio e memória”.
Em paralelo, um outro estudo recente, sugeriu que as pessoas que apresentam um discurso prolongado, aborrecido e “enrolado” pode, também, ser um indicador prévio de risco de Alzheimer no futuro.
Os dados de ambos os estudos são aos mais de 2400 participantes que integraram o Framing Heart Study (Estudo de Enquadramento do Coração), o maior estudo americano feito sobre doenças do coração e os seus fatores de risco.
Aos participantes, com uma média de 72 anos de idade, foi-lhes perguntado quantas horas dormiam, tipicamente, por noite e foram observados durante dez anos. Depois deste tempo, foram identificados 234 casos de demência
Segundo Rosa Sancho, investigadora especializada em Alzheimer, a trabalhar no Reino Unido, “já se sabia que os padrões de sono pouco usuais são comuns entre as pessoas com demência (mas) este estudo adiciona uma investigação que sugere que estas mudanças no sono podem aparecer muito antes de outros sintomas como a perda de memória” e “perceber melhor a forma como o sono é afetado pela demência pode, um dias, ajudar os médicos a identificar os casos que estão em risco de desenvolver esta condição”.