Para a primeira edição da +Concreta, na Exponor (Alfândega do Porto), a decorrer esta quinta e sexta-feira, não foi por acaso que se escolheu como tema “O Futuro é Ecológico”, garante Diogo Aguiar. “A sustentabilidade está no centro do setor da arquitetura e construção. A ecologia é um tema inevitável na arquitetura. O que fizemos com o mote “O Futuro é Ecológico” foi estabelecer esse ponto de partida como algo que é evidente e que não podia ser de outra forma.”
No podcast Conversas Verdes da VISÃO, o arquiteto, organizador do evento, realça que o objetivo é tentar perceber de que forma as marcas, as empresas e os produtos portugueses “se posicionam perante a necessidade de sermos muito mais econscientes, mais ecológicos, num setor que paradoxalmente parece ser a antítese desse sentido ecológico”.
Assumindo a aparente contradição entre “a necessidade de construir para criar habitação e as alterações climáticas e a consciência de uma crise ambiental”, Diogo Aguiar sublinha que, para resolver a crise da habitação, “vamos ter de construir”. “Agora importa saber se queremos fazer como até aqui ou se se justifica ter uma maior consciência sobre o que estamos a fazer.”
A mudança está a acontecer, ainda que lentamente, garante. “Quem constrói tem muito trabalho, e portanto não tem necessidade de mudar, a não ser que o mercado o exija, a não ser que o consumidor esteja preocupado com estas questões.”
“Hoje em dia, há uma maior consciência sobre a economia de recursos, não só nos materiais mas também na forma como se pensa a flexibilidade das casas, para durarem mais tempo. Temos clientes que nos procuram porque querem construir de forma ecológica.”
É verdade, no entanto, que nem toda a gente tem essa preocupação, pelo que se impõe um empurrão vindo de cima. “O Estado, nos seus projetos, devia ter a obrigação de acompanhar a descarbonização da arquitetura, da engenharia e da construção. Faz sentido que impulsione esse tipo de prática. Incentivar que os fabricantes acompanhem este imenso investimento na transformação de produtos mais ecológicos.”
O melhor, mesmo, é o Estado mostrar o caminho a seguir com os seus próprios projetos. “Em França, uma percentagem dos edifícios públicos já têm obrigatoriamente de ser construídos com recursos a sistemas específicos, nomeadamente construção em madeira. É uma forma de impulsionar este tipo de construção, ajudando a descarbonizar o setor. O Estado [português] tem de dar o exemplo.”
Não é o que está a acontecer. “A sustentabilidade não me parece ser uma preocupação fundamental nos concursos que estão a ser lançados, apesar de serem cruciais para um futuro mais consciente. Gostava que não perdêssemos a oportunidade de fazer bem feito.”
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