A moda sustentável é um dos temas mais prementes da atualidade e não podia ficar de fora do programa da Lisboa Capital Verde Europeia 2020, galardão conquistado pelo município pelos progressos alcançados em diversos parâmetros ambientais. A conferência Internacional Sustainable Fashion Business decorre nesta sexta, 23, na Academia das Ciências de Lisboa. O local da conferência foi escolhido pelo facto de “qualquer discussão sobre moda sustentável ter de envolver a ciência”, sublinha José Sá Fernandes, vereador do Ambiente da Câmara Municipal de Lisboa. Devido às limitações da ocupação do espaço, além do formato presencial, o evento também será transmitido online (aliás, alguns dos convidados participarão à distância), sendo as inscrições gratuitas.
Entre os temas abordados, estará o lugar de Portugal na produção de moda sustentável, a importância da economia circular, o financiamento a empresas com foco na sustentabilidade ou como se está a ensinar moda sustentável nas universidades. Estarão presentes marcas de peso internacional, como Pangaia e Farfetch, além de criativos com projetos inovadores, como o designer de joias Alan Crocetti, Mats Rombaut (com uma marca de calçado e acessórios vegan) ou a designer de moda Priya Ahluwalia (vencedora do Prémio LVMH 2020, concurso dedicado à criação jovem lançado pelo grupo de luxo francês), e também empresas portuguesas que se têm distinguido nesta área. A juntar às palestras, painéis de discussão e apresentações, haverá uma exposição onde os visitantes poderão conhecer os projetos nacionais relevantes nesta área.
Cerca de um mês antes da conferência, realizou-se ainda uma visita de Imprensa a alguns dos projetos a que estão ligados os oradores. “Queríamos falar de todos os temas olhando para o melhor que há em Portugal, mas para isso não fazia sentido ter apenas uma discussão em Lisboa, mas ir aos sítios, visitar as fábricas, conhecer de perto esses bons exemplos”, disse, na ocasião, José Sá Fernandes. Um périplo pela indústria têxtil do Vale do Ave, que incluiu a Scoop, em Vila Nova de Famalicão, focada no upcycling, a LMA, em Santo Tirso, criadora de malhas e tecidos inovadores, e a Valérius 360, em Vila do Conde, a recém-aberta fábrica dedicada à reciclagem. Houve também a oportunidade de abordar o setor da ourivesaria, com uma visita à ARPA, uma oficina de joalharia em Gondomar, que soube reinventar-se e captar a atenção de designers de joias arrojados para a criação das suas peças. Afinal, a sobrevivência de uma indústria com um cunho artesanal, a ourivesaria portuguesa, é também uma luta em prol da sustentabilidade.