Não é novidade que o aquecimento global é um dos agentes responsáveis pela degradação dos habitats de várias espécies. Devido ao aumento das temperaturas, que conduz ao degelo, os ursos polares têm cada vez menos tempo para caçar (nomeadamente focas), explicam os cientistas.
Apesar de os ursos conseguirem aguentar longos meses sem se alimentarem, é cada vez mais difícil encontrarem presas que lhe permitam reter a gordura e a energia necessária.
“Os ursos enfrentam agora um período de jejum ainda maior antes do gelo voltar a congelar e de poderem voltar a caçar”, explica o zoólogo e cientista-chefe da associação Polar Bears International Steven Amstrup à agência noticiosa AFP.
Incapazes de encontrarem focas que satisfaçam as suas necessidades, cada vez mais ursos famintos se afastam dos seus territórios habituais, muitas vezes para zonas habitadas, de modo a procurarem alimento alternativo.
Este fenómeno afeta principalmente as fêmeas de urso polar que se resguardam nos seus abrigos no outono, dando à luz no inverno e trazendo as suas crias ao exterior durante a primavera.
“Elas necessitam de caçar focas suficientes para manterem gordura corporal e para produzirem leite suficiente para amamentarem as suas crias durante os meses de verão em que não comem”, diz Amstrup.
“Ao estimarmos tanto o peso máximo e mínimo que um urso polar pode tomar e o seu uso de energia, conseguimos calcular o número máximo de dias que um urso polar pode aguentar sem se alimentar, antes da taxa de sobrevivência dos adultos e as suas crias comece a descer”, explica um dos autores, Peter Molnar, professor na Universidade de Toronto.
Por exemplo, um macho que se encontre com menos 20% da sua massa corporal normal enquanto em jejum, só terá energia suficiente para sobreviver 125 dias ao contrário dos 200 que normalmente aguentaria.
Se as emissões de gases com efeito estufa e as temperatura continuarem a aumentar, a reprodução e sobrevivência deste animal estará gravemente comprometida.
“A única maneira de os salvarmos é protegendo o seu habitat, travando o aquecimento global”, diz Amstrup.