Este vídeo leva-o à volta do mundo, num par de minutos. É uma ode ao planeta e às tradições que nos sustentam, na sua profunda diversidade e riqueza. É um vislumbre do que temos, mas também do que podemos perder. É um apelo para sairmos da nossa zona de conforto e para fazermos algo com propósito. Imagem após imagem, percebemos que somos pó das estrelas, cinza dos vulcões, cantos tribais, nómadas da Terra e do espaço, pescadores de sonhos e sobreviventes improváveis.
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Somos uma espécie diferente. Conseguimos cruzar oceanos, a ar e até o espaço. A nossa curiosidade é infinita e inquieta. Há uma sede permanente, uma insatisfação que nos empurra e uma loucura que anula a razão. E isso é bom, pois trouxe-nos até aqui. Mas também somos os principais geradores de entropia, pois para mantermos o nosso mundo organizado, delapidamos o que nos rodeia. Se queremos construir algo, então rasgamos a Terra à procura de matérias-primas. Se queremos comodidade, então embalamos quase tudo em plástico e deixamo-lo a flutuar algures. E isto já não é bom, pois pode impedir-nos de continuar aqui.
Não somos imortais, mas as nossas ações podem sê-lo, pelo que todos os nossos atos devem ter um significado e um propósito. Neste grande esquema, cada pessoa pode contribuir dentro do seu raio de ação, tal como uma célula contribui para nos manter vivos. Pequenas ações, coordenadas e com propósito, conseguem o impensável. É uma improbabilidade estarmos vivos, mas estamos, e esse é um privilégio que não deve ser desperdiçado ou comprometido, pois pode afetar gravemente quem nos suceder e tudo o que nos envolve. O planeta aguenta tudo e terá tempo para sarar as feridas, como tantas vezes o fez, mas podemos cá não estar para o ver. Não precisamos de salvar a Terra, mas sim de cuidá-la, assim como da flora e fauna que também a habita por direito próprio, para que este sistema continue viável, em equilíbrio.
Para o conseguir, necessitamos de conhecimento, o combustível imaterial que sempre catapultou a humanidade e que, paralelamente, a compromete. Conhecimento é poder e, com um “grande poder vem uma grande responsabilidade”, seja Voltaire ou um personagem da Marvel a dizê-lo. Precisamos de raízes e de guias que nos inspirem a sermos melhores, mais hoje do que ontem, e melhor amanhã do que hoje. Assim, as tradições também precisam do nosso cuidado, pois são células edificadoras deste incrível organismo. São repositórios de conhecimento assentes em gerações que estavam mais ligadas ao planeta do que nós aos telemóveis, mais preocupadas com o equilíbrio geral do que com a individualidade. Quando uma tradição desaparece, há um corpo de conhecimento que morre, extraindo-se mais um tijolo das fundações da humanidade. Ela vai continuar a existir, mas perderá solidez, pois a mudança, sempre necessária à evolução, está a acontecer a um ritmo sem precedentes e nem sempre repõe as peças perdidas no processo.
Somos os ombros sobre os quais as gerações futuras se irão erguer, tal como nós nos assomámos sobre os feitos passados, pelo que este é o planeta que devemos respeitar e preservar. Somos uma espécie diferente, mas importa dar-lhe um bom sentido. Estes dois minutos de imagens, se o inspirarem e criarem um propósito, então já serão um passo nessa direção.