Dois investigadores que estudam a Amazónia há décadas escreveram um editorial na revista científica Science Advances a alertar que a grande floresta se encontra à beira da destruição. “A preciosa Amazónia está a balançar nos limites da destruição funcional e, com ela, também nós. (…) Hoje, encontramo-nos precisamente num ponto de inflexão: o momento decisivo é aqui e agora”, disseram Carlos Nobre, da Universidade de São Paulo, e Thomas Lovejoy, da Universidade George Mason.
As alterações drásticas em curso na Amazónia podem representar o terceiro grande fator induzido, pelo menos em parte, pelas alterações climáticas que, ao mesmo tempo, fará acelerar as mudanças no clima – quanto menos floresta houver, menos dióxido de carbono será absorvido pelas árvores e, logo, mais gases com efeito de estufa permanecerão na atmosfera, fazendo aumentar o aquecimento global.
Os outros dois fatores são o degelo na Gronelândia (menos gelo significa menos capacidade refletora dos raios solares, pelo que a Terra aquecerá mais, além de que o degelo faz aumentar o nível médio das águas do mar) e do permafrost (o solo gelado há milénios, sobretudo na Sibéria, cheio de matéria orgância, que começa agora a derreter com as temperaturas mais altas, emitindo enormes quantidades de gases com efeito de estufa).
Os dois investigadores da Amazónia lembram que a desflorestação (que neste momento atinge os 17% da floresta sul-americana) pode começar a provocar alterações no regime de chuvas, tornando a região mais seca, o que levará a mais desflorestação. A partir de certo momento, o processo será irreversível. E esse nível de desflorestação fará com que a floresta deixe de ser um dos maiores sugadouros de gases com efeito de estufa e passe a ser responsável pela emissão de milhares de milhões de toneladas de dióxido de carbono.