Num momento em que o conflito, a guerra e o sofrimento se alastram no planeta, com destaque para o genocídio em curso na Palestina, em que o que se exige são todos os esforços para percorrer o caminho para paz, a UE, submetida às orientações dadas pelos EUA, escolhe o caminho inverso, rumo a um destino de perigos incalculáveis para a Humanidade.
Perigos que são visíveis no aumento das despesas militares no plano mundial, que do ano de 2022 para 2023 registaram um crescimento de 7%, para o qual muito contribuiu os EUA, a NATO e a União Europeia. Dinheiro que a indústria do armamento agradece, somando lucros recorde à custo da opção dos governos de desviaram recursos públicos, que tanto fazem falta na educação e na saúde, para servir os interesses da política externa norte-americana: a guerra e a confrontação.
A UE, ao mesmo tempo que aumenta as verbas para o militarismo, a indústria de armamento e o intervencionismo externo, tal como previsto no Quadro Financeiro Plurianual (QFP) 2021-2027, procura ocultar as suas responsabilidades no agravamento da situação na Europa e insiste na política de confrontação, militarismo e guerra, que está na sua origem.
O seu envolvimento, mesmo quando indireto, em guerras como na ex-Jugoslávia, na Líbia, no Afeganistão ou na Ucrânia, são exemplos de uma postura que privilegia a confrontação em vez da paz e da resolução política dos conflitos.
Trata-se, de facto, de uma tentativa de transformar a UE num novo bloco político-militar belicista complementar à NATO, ao serviço dos interesses das suas grandes potências e respetivos complexos militares-industriais e à custa da paz, dos direitos, das condições de vida dos trabalhadores e dos povos.
Sobre a Palestina é especialmente grotesca a hipocrisia da União Europeia e o seu silêncio perante os crimes de Israel quando é tão célere a condenar e sancionar outros. Onde estão as sanções e a enérgica condenação a Israel?
Israel que é responsável nos últimos meses pela morte de mais de 34 mil palestinianos e por 76 mil feridos, a maioria mulheres e crianças, e entre os quais dezenas de jornalistas, mais de uma centena de pessoal humanitário e centenas de trabalhadores da saúde.
Israel que impede o acesso dos palestinianos aos bens mais elementares: água, alimentos, medicamentos, e que atrasa e ataca operações humanitárias.
Israel que destrói habitações, infraestruturas, cerca e ataca hospitais, colocando a população palestiniana entre a morte ou a expulsão.
Que profunda hipocrisia a da União Europeia nesta matéria, que prefere caminhar para a criminalização da luta pela paz que se ergue no seio dos seus países.
Seja na Palestina ou na Ucrânia, o caminho para a paz exige o cessar-fogo e uma solução política, em vez de mais armas, mais guerra, mais mortos, mais sofrimento, mais destruição, como alguns defendem.
No meu penúltimo artigo, num contexto marcado pelas eleições legislativas, escrevi sobre a importância de eleger para a Assembleia da República deputados comprometidos com os valores e o projecto de Abril, com a Constituição da República Portuguesa nascida da revolução de Abril e que aponta os caminhos da paz e da solidariedade entre os povos do mundo, porque Abril é mais Paz.
Hoje percebe-se ainda melhor essa necessidade.
Também para as eleições para o Parlamento Europeu coloca-se esta exigência. Já há deputados a mais para defender a União Europeia do militarismo e da guerra cá no nosso país, o que é preciso são mais deputados para defender Abril e a Paz lá no Parlamento Europeu.
Porque para uma Europa de paz, cooperação e progresso, é mesmo preciso optar por Abril, pelos trabalhadores e os povos.
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