- É muito difícil — apenas em situações excecionais — que um Governo em funções recentes possa ser derrubado. Não será esse o caso em Portugal. O PSD e o CDS estão obrigados a alcançar uma vitória robusta, e isso acontecerá, maioritariamente, à custa do Chega e do Partido Socialista.
2. Não se ganham eleições com casos e “casinhos” permanentes, que tradicionalmente têm um efeito de boomerang em quem os provoca. Exemplo: os cartazes do Chega são tão abusivos e distorcidos que causam repulsa e choque no eleitorado. Nem Sócrates está condenado por coisa alguma, até ver, nem se pode fazer essa associação direta.
3. O estilo de campanha negativa, copiando o modelo americano, tem prós e contras, e as equipas que o executam são excecionalmente competentes. Nunca aconselhariam o cartaz do Chega. A razão é simples: o que diria Ventura se um dia aparecesse em cartazes por todo o país com várias malas às costas e na cabeça, ao estilo africano? Obviamente, colocaria o PSD/CDS em tribunal.
4. Os portugueses anseiam por estabilidade e tranquilidade política e governativa: tanta confusão ao mesmo tempo não agrada a ninguém. Daí a robustez que pode ser conferida ao atual Governo e Primeiro-Ministro. Em dez anos, Portugal teve o Governo da Geringonça, um governo socialista minoritário (de curta duração), um governo de maioria absoluta, o governo do PSD/AD, e agora mais um. Não é normal. Não é tranquilizador — muito menos nestes tempos de velhos e novos autocratas perigosos.
5. A ninguém interessa verdadeiramente o resultado do PS ou dos outros partidos. O que está realmente em causa é saber se este Primeiro-Ministro e este Governo deverão ser derrubados pelos portugueses. É só isso — daí a necessidade de uma pedalada redobrada por parte de Pedro Nuno Santos. Ou absorve eleitores significativos do Livre, do PAN, do Bloco e do PCP, ou será irrelevante. Em política só contam os vencedores. Mais uma razão para se focarem apenas nas expectativas dos eleitores. Falar mal deste ou daquele todos os dias já não rende votos. Se eu fosse Primeiro-Ministro, jamais falaria do líder da oposição. Ninguém quer saber disso — do diz que disse. Quando se elege um Governo, olha-se para a frente, não para os lados nem para trás.
Por todos estes motivos, não parece haver grandes dúvidas sobre quem vai ganhar. Mas falta um mês e quatro dias, e em campanha o tempo vale por dois, ou por três. E os debates? Frouxos, por agora, mas deverão acelerar em conteúdo e confrontação. Aqui aplica-se a regra do: “Se eu fosse Primeiro-Ministro…” Para ver, sem dúvida.
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