A ofensiva ucraniana no território russo de Kursk, que tem obrigado Moscovo a desviar vários batalhões para a região, a que acrescentou milhares de norte-coreanos, é a moeda de troca de que Zelensky precisa para negociar com Putin. Kiev está a correr contra o tempo.
E o tempo que conta, neste caso, é a tomada de posse de Trump, daqui a 14 dias. Zelensky falou várias vezes com Trump, que certamente já conversou com Putin, e ambos acreditam ter uma oportunidade para encontrar uma solução mediada pelo novo presidente dos EUA.
Antes de mais, para que alguma conversa que faça sentido — em primeiro lugar para os ucranianos — é necessário um cessar-fogo, mesmo que provisório. Só depois, sim, trocam-se posições: eu saio daqui, e tu sais dali.
É visível no presidente ucraniano, e também em Putin, um pesado desgaste . É necessário pôr fim a esta guerra de três anos, para que os ucranianos possam respirar. A solução militar está esgotada, e esse reconhecimento será muito difícil para Putin, que acreditava na grandeza e invencibilidade das suas forças militares.
A Ucrânia, com a ajuda da NATO e dos aliados, travou os russos, causando-lhes pesadas baixas e uma destruição incalculável de equipamento, e é isso que explica o desejo russo de negociar. Para Trump, seria um grande trunfo iniciar o seu mandato com uma solução para a guerra na Europa. Resta-nos esperar para ver e acreditar.
Os textos nesta secção refletem a opinião pessoal dos autores. Não representam a VISÃO nem espelham o seu posicionamento editorial.