Meia hora (15 minutos para cada) não é tempo suficiente para apresentar um programa de Governo e ainda contestar o adversário, mas são esses 30 minutos que podem fazer a diferença na percepção pública de um líder. Há um exemplo disso: Rui Tavares, nas últimas eleições, com sondagens péssimas, conseguiu fazer-se deputado mostrando a sua preparação, acuidade e capacidade de réplica contra os que lhe poderiam dar ou tirar votos.
São muitos debates, até à exaustão, e a galope, mas merecem ser seguidos, e não apenas pelos que já vão votar neste ou naquele. Cada um tem o seu sabor exclusivo, mais agreste ou repetitivo, mas todos têm um pressuposto essencial: não se ganham eleições num debate, mas convém não sair massacrado desses duelos televisivos. E massacre, neste caso, é levar seis tiros diretos ao coração, sem réplica nem reação.
Diz a fábula que Kennedy ganhou as eleições americanas porque Nixon não se aguentou, e até suou, no mais famoso de todos os debates. É verdade que os pingos de suor o atrapalharam e até deram uma péssima imagem, e daí nasceu o mito de que os debates fazem o vencedor. É uma mentira que tem décadas e que continua a ser repetidamente invocada. Poucos americanos tinham televisão, nessa época, e a grande audiência foi na rádio, com a maioria inquirida a achar que Nixon tinha sido o melhor.
Por isso, quando chegar a vez de Pedro Nuno Santos e Luís Montenegro, lá mais para a frente, não vale a pena cair no erro de que haverá uma derrota visível ou uma vitória incontestável. Por essa altura, quem estiver a ver já tem o seu voto fechado e o interesse fica-se nos pormenores, nas frases marcantes ou nos gestos inesperados. Nestes duelos não há “morte súbita” ou coma irreversível.
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