Não há memória recente, nem antiga, de três primeiros-ministros viajarem para uma capital que estivesse a ser bombardeada, e com tropas inimigas a cerca de 20 quilómetros. É histórico, e demonstra uma coragem invulgar. Os chefes dos Governos da Polónia, da República Checa e da Eslovénia, todos membros da NATO, foram a Kiev, sem medo, e de comboio, para dar vários recados a Putin: que ele não os assusta, que a Ucrânia nunca se renderá, que os ucranianos merecem toda a ajuda militar e humanitária, e que a força do presidente Zelensky é um exemplo para todas as democracias do mundo.
Esta ida a Kiev – poderia ter sido numa das fronteiras, para segurança dos primeiros-ministros – marca o princípio da viragem dos ventos da guerra na Ucrânia. Para a semana, na quinta-feira, haverá a Cimeira Extraordinária da NATO, com a presença de Biden – o nosso Presidente, para além do primeiro-ministro, tem de estar presente – e por essa altura, de acordo com as informações militares ocidentais, as tropas russas estarão na sua pior fase de sustentabilidade da operação. O pedido russo de rações de combate à China é exemplar das dificuldades logísticas daquela força invasora. Que vergonha.
Pode ser muito rapidamente, ou demorar mais algum tempo, com sofrimento, destruição e morte, mas os ucranianos sairão vitoriosos deste assalto militar. E os Estados Unidos, a NATO e a União Europeia, perceberam, com a resistência e a defesa daquele povo, que a linha vermelha ficava na fronteira da Ucrânia com a Rússia. Ou Putin era travado agora, de uma vez, ou a paz na Europa, e no mundo, estaria severamente ameaçada. Putin e o seu aparelho civil e militar está, agora, seriamente ameaçado, mesmo que do Kremlin ainda venham bazófias insensatas.
Estes três bravos primeiros-ministros, que não intimidaram com os mísseis e a artilharia russa, sabem bem o que os seus países e cidadãos passaram no tempo da URSS, e não estão dispostos a que um ex-KGB, com ideias alucinadas de grandeza, destrua uma democracia, e um povo, que quer ser independente, e que todos os dias luta por isso. Esta visita confirma, de alguma forma, que a Ucrânia já tem um pé na NATO, e na União Europeia. Essa é a maior de todas as derrotas de Vladimir Putin.
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