Querida avó,
Ainda sobre Isabel II.
Já que durante semanas a fio não de falava de outra coisa e agora já ninguém fala, esta na hora de a recordarmos.
A rainha morreu. Viva o rei!
Morreu Isabel II, a rainha de Inglaterra, “avó” dos britânicos.
Tenho visto pessoas muito espantadas com a morte de Isabel II. A senhora viveu até aos 96 anos e reinou durante uns longos 70 anos. De que estavam à espera?
Não me apetece falar de contos de fada, nem das escandaleiras que fizeram capas de tablóides, em todo o mundo, ao longo de tantos anos.
Prefiro partilhar contigo algumas curiosidades de “Lilibet”, como sempre foi apelidada pela família
Para começar, sabias que a casa onde nasceu Isabel II é agora um restaurante chinês, com estrela Michelin?
Com apenas 18 anos, foi o primeiro membro da família real britânica a cumprir serviços militares. Aprendeu mecânica e, durante este período, reparou vários automóveis, imagina.
Sempre a vimos a conduzir e a viajar. Ao longo do seu reinado viajou para mais do que uma centena de países. Mas sabias que Isabel II nunca teve carta de condução nem passaporte?
Apesar de gostar de corridas de cavalos, não eram estes os únicos animais que gostava de ver em competição. Era também fascinada por corridas de pombos.
Se tivéssemos sido amigos da rainha aqui está algo que não iriamos participar, uma vez que tanto eu como tu detestamos pombos!
Enviou mais de 300.000 postais de aniversário a pessoas que comemoram os 100 anos de vida. Aqui já me parece alguém que conheço…
O primeiro compromisso público de Isabel II, ainda como princesa, foi no dia em que assinalou os seus 16 anos, em 1942, quando passou revista à guarda no Castelo de Windsor.
Até ao último suspiro colocou sempre os deveres à frente de tudo o resto.
Deu posse a Liz Truss, a nova primeira-ministra do Reino Unido, depois retirou-se para “morrer em paz”.
Primeiro os deveres depois é que se pode morrer!
Vou passar o fim de semana no sofá ligado à Netflix a ver todas as temporadas da série The Crown.
God save the king.
Bjs
Querido neto,
Desde muito criança que fui grande admiradora da família real britânica.
Naquela altura vendiam-se cá livros ingleses que contavam tudo, absolutamente tudo, sobre os reis de Inglaterra, os primos, os filhos, etc.
Por isso lamento desiludir-te mas já sabia tudo aquilo que me contaste. Até te adianto mais uma coisa: a casa onde a rainha nasceu é hoje um restaurante chinês porque a casa verdadeira foi abaixo durante um bombardeamento na guerra.
Os ingleses, que sempre gostaram muito da família real, ficaram a gostar ainda mais porque, ao contrário de muitos reis (quase todos) de outros países, não fugiram do seu país. Propuseram-lhes saírem para o Canadá— mas não quiseram. E ficaram sempre no Castelo de Windsor. Diz-se que a Rainha-Mãe, mulher do Rei Jorge VI, depois de um grande bombardeamento, terá dito “que bom que é termos a nossa casinha!”
E segui todos os documentários sobre o seu casamento, a sua coroação.
Claro que fui sempre para a rua para a ver passar, das duas vezes em que cá veio. E segui-a para todos os lugares onde ela ia, além de Lisboa. Lembro-me do olhar espantado dela quando, em Coimbra, os estudantes estenderam as capas para ela passar por cima!
E também segui tudo sobre a irmã, a princesa Margarida, a doida da família… Namorou meio mundo, embebedava-se, casou-se, divorciou-se, deixava-se filmar ao colo dos namorados e atirava os sapatos pelo ar, fumava que nem uma chaminé em toda a parte. O que prova que Isabel II teve sempre problemas familiares a resolver.
Mas se fores rever The Crown vês lá isto tudo…
E…viva a República!
Os textos nesta secção refletem a opinião pessoal dos autores. Não representam a VISÃO nem espelham o seu posicionamento editorial.