Quando nos apercebemos de que uma tempestade inesperada trouxe destruição e sofrimento ao país vizinho, é natural que a inquietação nos invada. Nessas alturas, a nossa sensibilidade e ansiedade aumentam, e muitas vezes é difícil não deixar que essa perceção chegue aos mais pequenos em casa. Afinal, as crianças têm uma curiosidade insaciável, como pequenos espiões de um mundo que, ainda, lhes parece fascinante. Nesses momentos, é crucial que saibamos explicar a situação com clareza e amor, para que a entendam sem se sobrecarregarem com o medo.
Ofereça segurança emocional. Antes de iniciar a conversa, prepare-se. Esclareça as suas próprias dúvidas e verifique as informações com fontes credíveis. Use uma linguagem simples e contextualize a situação, explicando que, embora a tempestade tenha afetado um país próximo, muitas pessoas estão a ajudar quem precisa. O conhecimento é uma ferramenta poderosa e ajuda a estabilizar as emoções. Se estiver tranquilo, isso ajudará a transmitir mais segurança às crianças.
Cuidado com a exposição a imagens sensíveis. Para uma criança, imagens de sofrimento podem ser especialmente assustadoras e confusas. Em vez de deixar que vejam tudo o que aparece, podemos explicar-lhes que a televisão e a internet mostram, por vezes, imagens difíceis de compreender, mas que também há histórias de ajuda e esperança. Filtrar o que chega até elas é uma forma de cuidar da saúde emocional delas (e da nossa).
Criar um espaço seguro para os sentimentos. Esteja disponível para responder a todas as perguntas com paciência. Mesmo em situações dolorosas, o mais importante é que as crianças se sintam seguras. Validar os seus sentimentos é crucial para o desenvolvimento emocional. Os sentimentos das nossas crianças são como os ingredientes de uma receita: cada um é único e essencial. Crie uma rotina familiar onde possam partilhar o que sentem. Se uma criança expressa medo, reconheça que é normal e tranquilize-a. Sentir-se parte de uma rotina estável ajuda a reduzir os medos.
A união fortalece a resiliência. Momentos de união familiar, como o ritual de deitar, reforçam a segurança. Incentive-as a expressarem-se, por exemplo, através de um desenho das pessoas que as fazem sentir seguras e a coloca-lo num lugar visível. Para os mais crescidos, incentive a participação em iniciativas comunitárias que apoiem os afetados pela tempestade. Além de útil, ajuda-os a perceber que, mesmo à distância, podemos fazer a diferença.
Tempo para processar. Diga-lhes que podem falar sobre o assunto quando quiserem. Cada criança tem o seu próprio ritmo e respeitar esse tempo é essencial. Sugira livros ou filmes sobre resiliência, pois as histórias fictícias podem ajudar as crianças a entender melhor a realidade e a desenvolver empatia e coragem.
Reforce a esperança e a coragem. Explique que, tal como nas histórias que adoram, os heróis superam sempre os desafios e mesmo nos momentos difíceis, há sempre quem se una para ajudar. As pessoas que enfrentam adversidades com coragem, lealdade e resiliência são os verdadeiros heróis da vida real. Ao falar sobre a tempestade em Espanha, estamos a preparar os nossos filhos para enfrentarem o mundo com mais coragem e empatia. E lembre-se: preparar-nos em tempos de normalidade fortalece a nossa capacidade para lidar com o inesperado.
Os textos nesta secção refletem a opinião pessoal dos autores. Não representam a VISÃO nem espelham o seu posicionamento editorial.