Com 20 anos de carreira de RH em multinacionais tomei, há sensivelmente um ano, a decisão de mudar de rumo. Não é uma decisão fácil. E quando trabalhamos a vida toda num contexto que nos é familiar e com o qual nos identificamos, o processo de decisão torna-se ainda mais complicado. Foi nessa altura que me deparei com um conceito que desconhecia até então: Gig Economy.
Sabe o que é a Gig Economy? Se não, sugiro que continue a ler porque este movimento está a mudar o mercado de trabalho e a forma de consumo quer em Portugal quer a nível global.
A Gig Economy rompe com o modelo de contratação tradicional entre empresas e colaboradores. As pessoas neste modelo são contratadas por empresas ou clientes finais através de “gigs”, de trabalhos temporários ou projetos específicos. Conseguimos encontrar vários conceitos familiares que se enquadram na Gig Economy. Desde os já tradicionais freelancers até às apps como as da Uber, do Airbnb entre outros. Este último tem impulsionado em grande escala o crescimento da Gig Economy nos últimos anos.
Em 2019 a Gig Economy já representava entre 1 a 3% da força de trabalho mundial. Estima-se que desde então tenha crescido 17% e os maiores adeptos desta tendência são os zoomers e os millenials.
Mas afinal quais são as vantagens de uma Gig Economy?
Comecemos com o mais óbvio, a flexibilidade. Pode trabalhar onde e quando quiser. A autonomia é claramente superior à dos empregos tradicionais. A entrada no mercado de trabalho é imediata e mesmo que continue a optar por ter um modelo de trabalho tradicional nada impede de complementar o seu rendimento via Gig Economy.
A tecnologia tem tido um papel preponderante neste movimento, mas também tem gerado debates sobre regulamentação e direitos dos trabalhadores. Ainda estamos no início desse percurso….
Vejo cada vez mais profissionais cansados do mundo corporativo e de tudo o que isso acarreta. Vejo vontade mas ainda pouca coragem para mudar de vida. Apesar de tudo, existe uma instabilidade neste modelo que o torna menos desejado.
A forma como vejo o futuro é clara. Acredito que este movimento vai continuar a crescer e a levar cada vez mais profissionais, aos poucos, a abandonarem as organizações. Estes profissionais vão continuar a trabalhar na sua área de especialidade mas de forma autónoma, com capacidade para escolherem e gerirem os seus próprios projetos. À medida que esta comunidade cresce assim vão crescer os casos de sucesso. Isso vai inspirar outros profissionais e dar-lhes a confiança necessária para dar esse passo.
Eu sou Gig Economy. E o leitor?
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