Pressionado pelos Senadores, que também são comentadores independentes, o líder do PS teve necessidade de informar o país de que, contas feitas, é melhor viabilizar a proposta de Orçamento de Estado para 2025. Uma novela que já tem muitos cámapitula, alvo de muita discussão, que me levou a interrogar se a maioria dos portugueses dá de facto importância ao documento.
A justificar a decisão de Pedro Nuno Santos dois pontos:
1. O facto de ter havido eleições legislativas há pouco mais de meio ano;
2. Um eventual chumbo do Orçamento podia conduzir o país para as terceiras eleições legislativas em menos de três anos, sem que se perspetive um resultado com maioria estável.
Ou seja, o mais politizado “jovem turco” do PS, conhecido por ser “durão” e muitas vezes apelidado de arrogante, que em 2011 afirmou que se estava “marimbando” para os credores internacionais que tinham emprestado dinheiro a Portugal, acaba por, na sua estreia como líder do maior partido da oposição, subordinar a sua vontade aos Senadores do partido.
Anunciada que está a viabilização da proposta de OE para 2025, resta, agora, acompanhar a discussão na especialidade, onde o PS se compromete a “liberdade” mediante o compromisso de não ser causador de desequilíbrios nas contas públicas.
Com os partidos à esquerda do PS a falarem em “desalento” e que a posição traduz a convergência do PS com o Governo, questiono-me sobre a estratégia que o PS seguirá nas autárquicas?
É conhecida a ambição, para não dizer necessidade, do PS em regressar à liderança de cidades como, por exemplo, Lisboa, Coimbra, Braga ou Porto. Mas, para conquistar as grandes cidades Pedro Nuno Santos necessita de coligações à esquerda. Estarão os parceiros de geringonça, aqueles com quem tanto reuniu e negociou, dispostos a “meter para trás das costas” o produto da decisão anunciada ontem?
Estou cético. Mas, como diria Tocqueville “em política, a comunhão de ódios é quase sempre a base das amizades”.
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