Quando pensamos em casa, pensamos em conforto, num sítio seguro e onde podemos ser nós próprios. Mas a valorização da casa e do seu espaço tornou-se mais evidente na pandemia, interrompendo uma tendência para casas mais minimalistas e pequenas que parecia estar a ganhar força à medida que fenómenos como o nomadismo digital iam ganhando força e a casa era sobretudo vista como um espaço para descansar e dormir.
Mas durante a pandemia, com a realidade de ter de passar o dia a dia em casa, as pessoas começaram a aperceber-se das necessidades a que a sua casa tinha de responder para conseguirem permanecer nela períodos de tempo prolongados, como ter um espaço exterior, um espaço para o escritório ou uma cozinha maior.
De acordo com o estudo “Obras em Casa”, que realizámos com a Spirituc, que se focou em mais de 600 pessoas que realizaram obras em casa nos últimos 18 meses, a maioria das obras realizadas foram efetuadas em moradias, sendo que as principais divisões intervencionadas foram o quarto, a sala e a cozinha (65,1%, 62,0% e 54,6%, respetivamente). Estes são os espaços em que a maior parte das pessoas passa mais tempo e estas intervenções acabam por refletir isso mesmo.
72,9% dos inquiridos afirmaram também que o conforto foi o principal motivo para a realização de obras, o que demonstra que a procura por um ambiente mais acolhedor e confortável continua a ter um peso significativo nas decisões de renovação. A melhoria das condições e a renovação do espaço foi o segundo motivo para a realização de obras, conforme indicado por 65,6% dos participantes do estudo. A necessidade de espaços mais funcionais e adaptáveis, especialmente devido ao teletrabalho, que passou a ser uma realidade, tornou-se crucial. Por isso, são muitas as pessoas que procuram criar escritórios em casa, renovar ou adicionar espaços exteriores.
Com a sustentabilidade a ser um tema cada vez mais na ordem do dia, não deixa de ser interessante verificar no estudo que entre as intervenções mais comuns estão o isolamento de paredes (37,3%) e a instalação de janelas eficientes (25,6%), o que são sinais de que estão a ser dados passos importantes para melhorar a eficiência energética das casas, uma das principais razões para fazer obras em casa para 29,9% das pessoas inquiridas. Não obstante, a melhoria da eficiência energética é um dos indicadores menos impactados pelas obras, segundo os participantes do estudo, o que reforça a importância do certificado energético e de ser um elemento crucial na definição das obras a realizar para que a classificação energética da casa possa ser melhorada.
O conforto e a funcionalidade do espaço continuam, de facto, a ter um peso grande na tomada de decisão em relação à casa. Mas é fundamental que se continue a trabalhar para que as pessoas percebam que parte do conforto é também, por exemplo, a questão térmica, que está intimamente ligada à eficiência energética. Por vezes certas soluções são desvalorizadas porque parecem ser apenas preocupações ambientais, mas na verdade são muito mais do que isso: são também elas um fator para o conforto do espaço da casa, mas também para o conforto financeiro proporcionado por faturas energéticas mais baixas. E claro, o conforto de saber que se está a tomar a opção mais responsável, que minimiza o impacto sobre o meio ambiente. E haverá conforto maior do que esse?
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