Se houvesse um top 5 para os melhores presentes para as mães, um deles seria sem dúvida uma noite de sono descansada. Um presente simples e talvez banal, mas absolutamente precioso, em especial para as recém-mães.
O início da maternidade é geralmente descrito como uma fase áurea, em que as mulheres se sentem radiantes e aguentam tudo. A vinda de um bebé soa a Natal, o estado de graça torna as grávidas resplandecentes, preparam-se sessões fotográficas dignas de catálogo.
Existem dezenas de livros preparatórios, tanto sobre as alterações no corpo promovidas pela gravidez, como sobre o que as futuras mães podem esperar do bebé em cada etapa do seu crescimento. Só sobre o sono, as informações disponíveis são mais que muitas. Claro que é importante aprofundar estes temas, mas mais importante ainda é saber o que melhor se adequa a cada caso.
O que me espanta é que haja tanta coisa “à venda” sobre o sono dos bebés e tão pouco sobre o sono das mães. E as mães também querem com certeza dormir.
As alterações do sono das mães começam desde logo na gravidez. Seria muito útil averiguar em todas as consultas de rotina como está o padrão de sono da futura mãe. Perceber de que forma as suas preocupações e contexto de vida podem estar a interferir com o sono, fora as eventuais dores e desconforto que a própria gravidez por si só pode trazer. E se for o caso, ajudar a melhorar a qualidade do sono da grávida o quanto antes.
Depois de o bebé nascer, ela nunca mais vai dormir da mesma maneira. A arquitetura do sono modifica-se e adapta-se para responder às solicitações do recém-nascido, os horários passam a ser comandados pelo bebé e há uma disrupção total do ritmo sono-vigília desta mãe.
Além disso, a adaptação à nova realidade afetiva em que mãe e bebé se encontram traz grandes desafios à profundidade do sono materno. É como se as mães tivessem uma certa dificuldade em entregar-se ao sono por completo. Como se algum alarme soasse assim que começam a entrar em sono mais profundo, porque o bebé pode estar acordado e a chamar por nós ou, se está a dormir, “é melhor ir lá ver o que é que se passa”. É o chamado sono de mãe.
A ciência diz-nos que a qualidade do sono influencia a forma como nos relacionamos uns com os outros e a relação mãe-filho não é exceção. As mães que dormem melhor têm mais facilidade em criar boas relações com os filhos, que se sentirão mais seguros e confiantes do ponto de vista afetivo. Quando os filhos são mais apelativos e dormem pior, isso também perturba a vinculação com as mães. Se as mães conseguirem dormir bem, terão inúmeros benefícios para a sua saúde, bem-estar e boa disposição de espírito. Mas mãe que é mãe só dorme descansada quando sente os filhos em segurança. É um verdadeiro círculo vicioso, por isso não sobram dúvidas: é essencial fazer o possível por facilitar a qualidade do sono das recém-mães.