Todos os dias, milhares de combatentes do grupo Wagner – que não quiseram saber do apelo à integração na hierarquia militar russa – estão a concentrar-se na Bielorrússia, no Sul, a quase uma centena de quilómetros de Minsk, e na direção da fronteira com a Ucrânia. Ninguém arrisca um comentário, uma análise, uma previsão. Ou um prognóstico.
Cresce um exército nas costas da Ucrânia, o mesmo que combateu ferozmente no território invadido, e as capitais aliadas mantêm um silêncio preocupante. Não estavam à espera, é verdade. Nunca acreditaram que poderia ser um plano concertado entre Moscovo e Minsk. Ou qualquer outra coisa pouco agradável.
Há uma certeza, contudo. As forças do grupo Wagner não estão na Bielorrússia a passar férias. Não faz parte da sua natureza. Estão ali, já não a fingir, mas para baralhar os jogos da guerra. Podem aproximar-se rapidamente da fronteira, e com isso atrapalhar ainda mais a contraofensiva a Sul e Leste, que pouco mexe.
E para completar o filme, circula um vídeo, já geograficamente localizado na Bielorrússia, no campo militar atribuído ao grupo Wagner, onde se vê o que parece ser o senhor Prigozhin, num discurso de boas-vindas à suas tropas. Prigozhin, que se dava como desaparecido, mas que afinal até esteve em Moscovo, manteve-se quieto e parado até estar protegido pelas suas tropas. Agora é outra coisa. Não se sabe bem o quê, mas soa a perigoso.
O campo militar de Osipovichi, na Bielorrússia, está a 400 quilómetros de Kiev, e a 200 da fronteira. E num dia apenas, em direção a Moscovo, essas forças percorreram 800 quilómetros. Não lhes falta experiência, por isso. Nem vontade e ferocidade.
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