“A Humanidade está atualmente a viver um dos períodos mais perigosos da sua história.” A frase, em modo de aviso, abre o novo e estimulante livro de Amin Maalouf (O Labirinto dos Perdidos), um dos observadores mais competentes da realidade internacional, sempre liberto das amarras ideológicas ou culturais que costumam agrilhoar tantos outros pensadores e intelectuais. É significativo que um homem que nunca foi conhecido pelo catastrofismo, mas sim por análises lúcidas e factuais, opte por uma frase com aquele peso logo nas linhas iniciais deste seu mais recente ensaio geopolítico, em que pretende analisar os tempos turbulentos em que vivemos, à luz de um conflito – antigo, mas sempre renovado – entre o Ocidente e os seus principais adversários.
Do mesmo modo, não deixa de ser também relevante que, no espaço de poucas semanas, importantes jornais dos EUA, como o The New York Times e o The Boston Globe, tenham dedicado os seus mais extensos editoriais a um assunto que muitos pensavam estar já enterrado na memória (ou remetido para a contagem de Oscars ganhos por Oppenheimmer): o risco crescente da ameaça nuclear.