A maior ameaça à democracia, à estabilidade e ao progresso da Europa tem um nome: Donald Trump. A possibilidade da sua vitória nas eleições de novembro e, dessa forma, voltar a chefiar o país mais poderoso do mundo abre uma era de risco e de incerteza para os aliados atlânticos dos EUA, muito superior à que representou, há dois anos, a invasão da Ucrânia pelas tropas de Moscovo. Com consequências bastante imprevisíveis: a aventura de Vladimir Putin, seguindo um modelo estratégico conhecido, fez os europeus unirem-se e levou até ao alargamento das fronteiras da NATO; já o regresso de Trump à Casa Branca abrirá caminho para uma realidade nunca vista nas últimas oito décadas de História.
Olhar para a Rússia como um adversário ou até como inimigo principal foi, em maior ou menor escala, a situação normal para grande parte dos países europeus, desde o final da II Guerra Mundial. Agora, a possibilidade de perder os EUA como principal aliado em matéria de Segurança e Defesa, ainda por cima de forma repentina e por via de um impulso do seu Presidente, é algo para o qual a Europa não está preparada – mesmo que esteja prevenida para isso, pelo menos, desde a primeira vitória de Trump. E, aliás, mais do que suficientemente avisada, nos últimos tempos, de como tudo poderá ser ainda pior num hipotético segundo mandato, como foi visível com as suas ameaças recentes aos aliados europeus que estejam em falta com as suas obrigações financeiras para com a NATO, chegando ao ponto de “encorajar” Moscovo a “fazer o que quiser” contra eles.
