A influência da Rússia na geopolítica africana, desde o Norte até à África Austral, tem-se sentido fortemente nos últimos anos. Vladimir Putin conseguiu posicionar-se habilmente como um contrapeso às potências ocidentais e forjar fortes alianças. Mais recentemente, Moscovo estendeu o raio de ação às ex-colónias portuguesas. Os alarmes soaram com a notícia do acordo técnico militar entre a Rússia e São Tomé e Príncipe – assinado em São Petersburgo, a 24 de abril, e implementado a 5 de maio –, que prevê treino militar conjunto, formação, recrutamento de forças armadas, utilização de armas e equipamentos militares, assim como visitas de aviões, navios de guerra e embarcações russas ao arquipélago. Portugal manifestou às autoridades são-tomenses “estranheza, apreensão e perplexidade perante este acordo”, disse o ministro dos Negócios Estrangeiros português, Paulo Rangel, em entrevista à SIC Notícias.
Embora tenha salientado a “ótima relação” existente com São Tomé e Príncipe, Rangel acrescentou: “Estando nós na situação internacional em que a Federação Russa é autora de uma guerra de agressão, que, além do mais, põe em causa o continente europeu, evidentemente que manifestamos uma grande preocupação.”