Esta é a minha última crónica na Revista VISÃO. Esta minha modesta contribuição quinzenal era suposto durar um ano. Afinal durou cinco. Cinco anos de total e absoluta liberdade criativa. A minha gratidão para com a VISÃO não tem fim. Agradeço a enorme honra. É realmente uma honra imensa. Agradeço à Mafalda, à Sofia que nunca conheci, a quem invariavelmente enviei os textos no limite do prazo. Mais para o fim já me despedia com beijinho nos emails. Julgo que até teremos ficado amigos. Agradeço à Clara, ao Tito, à Companhia das Letras, que organizou e editou os meus textos em livros. Estes pedaços soltos de 3 000 caracteres levaram-me à Feira do Livro. Vi a palavra escritor debaixo do meu nome. Isso causa-me tanta estranheza como ver a palavra cantor ou artista ou músico debaixo do meu nome.
Na versão online da VISÃO os meus textos apareciam no separador “opinião”. Que coisa tremenda, opiniões. Poucas tenho, nunca as dou. Aprendi a escrever 3 000 caracteres intuitivamente. Sem ter de usar a opção “contagem de caracteres”. Aprendi a escrever de forma automática, sem pensar. Ou seria fácil ou seria impossível. Optei pela primeira via. A cada 15 dias lá chegava implacável o momento em que faltavam dez minutos para o prazo final de entrega. O que é que meto aqui? Porque é que eu aceitei fazer isto, meu Deus? Consegui de todas as vezes menos duas.