Habitação, Saúde e Imigração ocupavam, por esta ordem, o pódio das menções em redes sociais, referentes aos debates televisivos entre os líderes partidários. Isto, segundo o Barómetro Cision/Brandwatch Eleições Legislativas 2025, revelado esta semana. A uma considerável distância, mas ainda dignas de nota, surgem, nas menções dos internautas, a Segurança e a Educação. O mesmo estudo equipara Luís Montenegro a André Ventura, como os líderes mais citados nas redes sociais, com 19% nas referências dos internautas. Surpreendentemente, Paulo Raimundo é o terceiro líder mais citado (15%), seguido, ex aequo, por Pedro Nuno Santos e Rui Rocha (11% cada). No ano passado, os debates tiveram um considerável sucesso de audiências, com um número superior a 17 milhões de telespectadores, para todos os confrontos. As temáticas seguem de perto as que dominaram as atenções, em 2024, agora com mais incidência (ainda…) no tema da imigração – uma vitória de agenda do Chega – e no dado novo da empresa do primeiro-ministro. Ninguém pode garantir, com segurança, até que ponto os debates influenciam ou mesmo alteram o sentido de voto. Mas, com as crescentes “multidões” de indecisos, é cada vez mais seguro que, pelo menos, ajudam os que, querendo votar, hesitam entre duas possibilidades. Outra vantagem de que podem beneficiar, nos debates, os dois líderes dos dois maiores partidos é a de poderem convencer eleitores mais hesitantes a optar pelo voto útil. Neste aspeto, os confrontos que opõem Pedro Nuno Santos aos outros líderes da esquerda – em particular, Rui Tavares, do Livre, como se vê – ou Montenegro aos outros líderes da direita são de capital importância, para fazer a diferença, a 18 de maio, nas urnas. Mais duvidosa é a influência dos comentadores. O espetáculo do “comentariado” que, presumivelmente, também terá uma audiência respeitável, situa-se mais no campo do entretenimento do que no da informação. Embora haja analistas que procuram, mais do que opinar, descodificar as mensagens fortes de cada um dos confrontos entre líderes, e isso sirva para ajudar o telespectador, ao menos, a perceber melhor o que se passou, na maior parte das vezes assiste-se, isso sim, é a um novo debate, desta vez, entre comentadores.
Há, entretanto, um tema que ganha espaço nos debates, e não apenas pela presença do ainda ministro Nuno Melo, líder do CDS, nalguns deles: o da Defesa. Tema recorrente é o da corrupção. Ora, nenhum destes aparece na primeira linha do estudo que citámos. Segundo os peritos das sondagens, o tema da corrupção entra nas primeiras preocupações dos eleitores quando se lhes oferece um menu… e ela vem lá incluída. Mas quando se pede uma resposta espontânea – “o que mais o preocupa?” –, os inquiridos esquecem-se da corrupção e elencam a saúde, a habitação, o emprego ou o custo de vida. Os principais partidos – a que se junta, nesta campanha, a IL… – evocam muito a “estabilidade”, convencidos de que o eleitorado a deseja. Ora, se os eleitores desejassem estabilidade, não votavam como têm votado, fragmentando as suas escolhas e esvaziando, progressivamente, os partidos do centro. Os resultados da Madeira, porém, anunciam um refluxo desta tendência. O eleitor madeirense cansou-se de brincadeiras e, agora, a maior curiosidade é a de saber se isso vai repetir-se a nível nacional: os pequenos partidos à esquerda tendem a desaparecer? O Chega vai perder deputados? Luís Montenegro vai mesmo ser punido pelo caso Spinumviva? E que papel terão os debates, em tudo isto?
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