Noventa e um por cento dos portugueses que padecem de Doença Renal Crónica e que fazem hemodiálise são tratados em clínicas privadas que prestam um serviço essencial, de qualidade reconhecida, com equipamentos e recursos humanos do melhor que existe a nível mundial.
Com variação na percentagem de doentes tratados, esta foi a realidade nas últimas décadas, a de hoje e a do futuro, uma vez que o Serviço Nacional de Saúde não consegue assegurar o tratamento destes milhares de pessoas. Ainda assim, continua a haver falta de reconhecimento destas clínicas pelo serviço prestado e há dificuldade de o setor ser ouvido pelas entidades competentes, para que, em conjunto com quem está no terreno, possam refletir sobre as soluções para um setor da diálise mais forte, que possa continuar a tratar eficazmente quem dele depende.
Os desafios do presente e do futuro são vários. O aumento dos custos com os recursos humanos qualificados, os custos crescentes dos medicamentos e produtos essenciais para a realização da diálise e ainda a necessidade de revisão do preço compreensivo.
Há mais de 40 anos que existe uma parceria entre o Serviço Nacional de Saúde e os prestadores privados no tratamento da doença renal. Com o objetivo de controlar os custos e possibilitar o cálculo antecipado dos montantes necessários para financiar o programa de tratamento da doença renal crónica, o Ministério da Saúde negociou com os prestadores um modelo de capitação que denominou como “preço compreensivo”. Essa parceria trouxe claros ganhos para o doente, através de uma abordagem completa da doença, para o SNS, pela previsibilidade de custo, e também para os prestadores privados, pela maior capacidade de gestão do processo. No entanto, a ausência de atualizações no modelo por mais de uma década tem vindo a colocar uma grande pressão sobre o custo dos prestadores e dos próprios doentes, inviabilizando o seu futuro.
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