No curso da nossa carreira, acumulamos um capital inestimável: a nossa experiência e conhecimento. Com o passar do tempo, esse património traduz-se numa oportunidade única não apenas para sucesso pessoal, mas também para criar impacto positivo na comunidade e no país em que vivemos. Esta ideia está longe de ser só uma questão de responsabilidade, revela-se também como uma possibilidade de gerar mudanças profundas e duradouras.
Em Portugal, existe atualmente um número crescente de profissionais talentosos e experientes que, tendo maior disponibilidade, podem canalizar essas competências para o desenvolvimento e prosperidade do país. Esta retribuição pode manifestar-se de diversas formas. Uma delas é através de investimento, mentoria ou projetos de cooperação, onde os gestores podem apoiar o desenvolvimento de muitas pequenas e médias empresas que, deste modo, usufruem do talento e experiência inacessíveis de outra forma. O voluntariado e a elaboração de programas e implementação de políticas públicas responsáveis, que incentivem a sustentabilidade, a inovação e a resiliência económica, são outras modalidades que podem contribuir para o desenvolvimento do país.
A obra de Peter Singer, “The Life You Can Save: Acting Now to End World Poverty”, reflete sobre essa responsabilidade social enquanto catalisador de mudança. Considerado pela revista Times como uma das 100 pessoas mais influentes no mundo, Singer argumenta que, quando dedicamos tempo ou recursos a uma causa, estamos a transformar não apenas o presente, mas também o futuro de muitas vidas. Embora o autor destaque, nesta obra, a erradicação da pobreza global, o mesmo princípio pode ser aplicado a outras áreas de desenvolvimento local: cada gesto, cada hora investida, pode ser um ponto de viragem para comunidades inteiras.
Pequenas ações, como participar em redes de voluntariado, apoiar projetos locais ou envolver-se em iniciativas de sustentabilidade corporativa, são igualmente valiosas para causar um impacto positivo e inspirar outros a contribuir mais ativamente nesta mudança social.
Como empresários ou profissionais, a prioridade será sempre garantir a viabilidade das empresas. No entanto, o envolvimento em causas sociais não é incompatível com os objetivos corporativos – pode, na verdade, ampliar a relevância e o impacto das organizações. Empresas que se alinham com estes valores de responsabilidade social e retribuição ganham reputação, atraem talentos que partilham os mesmos ideais e cultivam um propósito mais amplo que vai além do lucro. Embora pareça que não tem um impacto positivo imediato, esta decisão pode ter uma influência muito abrangente e duradoura.
No final do dia, retribuir à sociedade é mais do que um ato de altruísmo. É um investimento no nosso futuro e no das próximas gerações. Ao partilharmos conhecimento, tempo e recursos, estamos a contribuir ativamente para uma sociedade mais justa, equitativa e próspera. A mudança começa com pequenas ações, mas é na soma desses gestos que se constrói um impacto transformador. Se cada um de nós retribuir de alguma forma, estará a inspirar outros a seguirem esse caminho.
Os textos nesta secção refletem a opinião pessoal dos autores. Não representam a VISÃO nem espelham o seu posicionamento editorial.