O sismo de agosto, às vezes impropriamente chamado terramoto em vez de maremoto, trouxe mais uma vez à estampa o importante tema dos sismos em Portugal. É certo e sabido, infelizmente não assumido por todos, que vivemos num território perigoso, situado nas margens tectónicas entre a Europa e a América e entre a Europa e África, mais complexo seria difícil. Ao longo da História da Terra, o território que hoje é Portugal sempre esteve em posição de grande relevância geológica. É por isto que somos tão geobiodiversos, que tudo muda (rochas, vegetação, paisagem…) em poucos quilómetros, em qualquer sentido. E, já agora, a diversidade cultural justifica-se pela mesma causa. Além da geologia, há outras razões para que sejamos um País perigoso, entre elas a exposição atlântica, onde localiza grande parte do urbanismo, e a orientação longitudinal do nosso território face à latitude, que impõe uma enorme variabilidade climática com as consequências que lhes estão associadas. Os algarvios mais atentos sabem do que estou a falar. A agravar o risco que esta natural perigosidade nos confere temos a incúria e irresponsabilidade dos políticos decisores, que aproveitaram o último sismo para fazer uma espécie de festa, porque nada aconteceu e por isso, só por isso, correu supostamente tudo bem.
Em matéria de sismos, por muito que a Ciência tenha avançado, as incertezas continuam a ser muito maiores do que as certezas, designadamente previsões, gestão e controlo, entre outras. Sabemos que ocorrências catastróficas já aconteceram e vão voltar a acontecer em todos os locais, regiões e países, pobres e ricos. Também temos a certeza de que os meios de ação disponíveis (humanos e materiais), em caso de ocorrência, são sempre mais escassos do que o necessário, e que, às vezes, não funcionam e não atuam como deviam. Em agosto, correu tudo muito bem porque, na verdade, não aconteceu nada. A grande incerteza é saber quando e onde?