Existem duas maneiras de olhar para os resultados das eleições europeias: a teórica e a prática. Do ponto de vista teórico, é um facto que, na noite do último domingo, 9, o epicentro do hemiciclo se deslocou para a direita, embora as forças do “arco da governação” tenham “segurado o centro”, como notou a The Economist. O Partido Popular Europeu não só obteve a maioria dos votos como até aumentou a sua bancada, conforme sublinhou a presidente do executivo comunitário, Ursula von der Leyen.
Apesar de ter crescido, a família da direita radical e da extrema-direita não subiu de forma generalizada, como algumas previsões avançavam. Os mais pessimistas dirão que se trata apenas de uma questão de expetativas, mas a maioria dos analistas argumenta que, no final, se evitou uma hecatombe. Anne Applebaum – a jornalista da The Atlantic que venceu um Pulitzer com uma investigação sobre os campos do Gulag – tem uma tese e defendeu-a na rede social X: a de que os partidos de direita radical e de extrema-direita venceram sobretudo nos países onde nunca governaram. Pelo contrário, nos países em que estas forças partidárias populistas já estiveram no poder, diz a historiadora, os partidos de centro-direita conseguiram melhores resultados. É o caso da Hungria, da Polónia e da Grécia. Independentemente da tese, Applebaum também é da opinião de que é difícil defender uma posição comum a todo o continente europeu neste pós-eleições.