De um momento para o outro, a política portuguesa deu uma volta de 180 graus. O pedido de demissão do primeiro-ministro, com carácter de decisão irreversível, e decerto por isso – mas não posso garantir… – logo aceite pelo Presidente da República, como que inverte completamente a situação até agora vivida. Muitas vezes se falou da hipótese, sempre inverosímil, de Marcelo dissolver o Parlamento, a chamada “bomba” atómica política. Agora tivemos uma “bomba”, inesperada, sem relógio, de efeito imediato devastador.
Tal inversão, se resulta, antes de tudo, dessa demissão, mais se acentua com duas outras suas decisões anunciadas em simultâneo: que não será de novo candidato a primeiro-ministro, o que pressupõe abandonar a liderança do PS. Ora, atendendo ao que António Costa representou e representa como “trunfo” do PS, e à sua incontestável liderança no partido, isso deverá ser eleitoralmente muito penalizador para os socialistas. Tanto mais que ele não tem um indiscutível “sucessor” natural.