Tal como a morte de Santiago Nasar, a queda de Marta Temido há muito que estava anunciada e merece ser explicada, também ela, de trás para a frente. Desde logo porque é paradoxal. A ministra acaba por chocar com o seu iniludível destino, por causa de uma tragédia em que, segundo se consegue perceber, um hospital sob a sua tutela segue todos os protocolos que devia seguir. Em condições normais, não haveria aqui nenhuma razão para qualquer trama ou para qualquer demissão.
Sucede – e é este o paradoxo – que não é menos verdade que Temido se foi penosamente aguentando no cargo, apesar da razão que há muito tempo deveria ter levado à sua demissão. Razão essa que é tão furiosamente relevante como prosaica: Marta Temido foi uma má ministra da Saúde.