Num domínio decisivo para o futuro de todos nós, 2020 começa muito bem para Lisboa. E começa muito bem para Portugal, porque sendo uma caricatura sem graça e um dislate sem nome aquela frase feita “o país é Lisboa e o resto é paisagem”, certo é que Lisboa é a capital do país – e além disso, também por isso, uma espécie de seu símbolo. Sublinho-o sem esconder a minha qualidade de “nortenho” – militante. Que como militante esclarecido, ou que pelo menos como tal se quer ou presume, recusa todos as formas possíveis dos imbecis confrontos norte-sul. Sendo esta, de certeza, a perspetiva também de todos os responsáveis pela Capital Verde Europeia 2020 (aliás, o presidente da Câmara de Lisboa é do Porto), sabemos que haverá até em outras cidades, salvo erro de oito distritos, iniciativas integradas no seu programa.
A escolha de Lisboa, entre as dezenas de cidades que “concorreram” a tal título, antes de mais representa uma importante distinção no âmbito da União Europeia, que reconhece e premeia o excelente trabalho que na área do ambiente tem sido feito em Lisboa nos últimos anos; e que, por outro lado, dá um precioso estímulo e contributo para ampliar e aprofundar esse trabalho. Recorde-se que entre as razões para a vitória da capital portuguesa foram citadas “a construção de uma cidade mais amigável das pessoas, com destaque para a pedonalização de amplas zonas da cidade e o forte crescimento das áreas verdes, bem como os avanços conseguidos e os compromissos assumidos em áreas como a eficiência energética e a boa gestão da água”.
Recorde-se ainda que entre os critérios de escolha avultam “os resultados alcançados em áreas como a ecologia, eficiência energética, política de resíduos, sustentabilidade social da cidade”. Sublinhe-se, enfim, como à frente fazem o presidente da Câmara, Fernando Medina, e o vereador do Ambiente, José Sá Fernandes, que Lisboa é a primeira cidade do sul da Europa a receber tal distinção. O que a isso conduziu, o que o fundamentou, está bem claro no texto do segundo, essencial dinamizador e principal executivo do projeto, que entre o ontem, o hoje e o amanhã sintetiza o já feito, o em curso e o que se pretende realizar, com a respetiva calendarização. Por sua vez o atual chefe do Governo, António Costa, escreve sobre os três autarcas que em seu entender mais contribuíram para o conseguido, apagando, com modéstia, o seu próprio contributo, como anterior presidente da Câmara, durante oito anos.
Mas há bastante mais, que não vou aqui adiantar, inclusive sobre o prolongamento/renovação do admirável Parque da Fundação Gulbenkian, num texto da sua presidente, Isabel Mota. Parque com um jardim a cuja criação esteve ligado alguém a vários títulos extraordinário, com uma intervenção fundamental também na idealização da Lisboa que merece(u) ser Capital Verde Europeia: Gonçalo Ribeiro Telles. Por isso lhe prestamos homenagem, que pretendemos continuar em próximas edições, da mesma forma que ao Tema de hoje e às iniciativas que ocorrerão oportunamente voltaremos.
Também para o JL me Parece que 2020 começa bem – em que, já em março, entrará no seu 40º ano de publicação ininterrupta e sem falhas. Na campo da cultura um caso absolutamente único no vasto mundo da língua portuguesa – e se calhar não só. Começar bem, insisto, se me permitem a opinião, logo pela bela capa do José Manuel Castanheira, que generosamente atende sempre as minhas solicitações, e pela qualidade com que o seu Tema é tratado. (Tendo o JL, de resto, a que é decerto a mais antiga coluna de Ecologia da imprensa portuguesa: sai há 25 anos, sempre, também sem falhas, com a assinatura do raro especialista da matéria, como de várias outras!, que é o Viriato Soromenho-Marques). E começar bem pelas numerosas outras matérias de grande interesse, que já aqui não cabe referir, desta edição.
Espermeos que 2020 seja mesmo, em tudo, para todos, Verde. “Verde que te quero verde”, citando Lorca… J