Apelidado por muitos como o “cometa do século”, o C/2023 A3 Tsuchinshan–ATLAS atinge o ponto de maior proximidade à Terra este sábado, dia 12 de outubro. Devido à sua longa órbita elíptica em torno do sol, os cientistas acreditam que este corpo celeste orbite o nosso planeta a cada 80 mil anos, sendo possível que a sua última aparição na Terra tenha ocorrido durante a pré-história, na época dos neandertais.
O corpo celeste foi descoberto em 2023 pelo observatório chinês Tsuchinshan – também conhecido como “Montanha Púrpura” – e pelo sistema de telescópios ATLAS, na África do Sul. A sua designação (Tsuchinshan–ATLAS) presta homenagem a ambos os observatórios. O cometa pertence à nuvem de Oort, uma região no sistema solar, da qual saiu há milhões de anos.
O Tsuchinshan–ATLAS atingiu o periélio – o ponto da sua órbita em que se encontra mais perto do sol – no final de setembro, mas existiam algumas dúvidas sobre a sua sobrevivência ao passar perto da estrela solar. Devido à sua composição – gelo, gases e rochas – era possível que o cometa não fosse capaz de suportar o calor solar e se fragmentasse, à semelhança do que aconteceu com outros cometas no passado. “Os cometas são mais frágeis do que se possa pensar, graças aos efeitos da passagem perto do sol no seu gelo interno e em substâncias voláteis como o monóxido de carbono e o dióxido de carbono”, explica Bill Cooke, astrónomo na NASA. Por exemplo, durante a sua passagem perto do sol, em 1973, o cometa Kohoutek acabou por se fragmentar. Já o Ison, em 2013, também não aguentou o ar quente solar e a gravidade da estrela.
Mas o C/2023 A3 Tsuchinshan–ATLAS passou intacto pelo sol a 29 de setembro e passa este sábado pela Terra a 71 milhões de quilómetros de distância.
O cometa deverá ser visível até meados do mês de outubro, à medida que se afasta do planeta Terra. “Não vai passar a zunir pelo céu como um meteoro. Vai parecer que está ali suspenso e vai mudar lentamente de posição de noite para noite”, disse Cooke. De acordo com o cientista, o Tsuchinshan–ATLAS deverá atingir uma luminosidade maior do que outros cometas que tenham passado pela Terra no século XXI. Contudo, quanto mais longe do sol, menos brilhante irá parecer.
Em Portugal, dificilmente se conseguirá ver a sua passagem. Talvez a meio do mês, caso as condições meteorológicas sejam favoráveis.
O astronauta Matthew Dominick capturou e partilhou imagens deste cometa da Estação Espacial Internacional.