O mercado das residências universitárias em Portugal era uma miragem há meia dúzia de anos. A oferta que existia era assegurada essencialmente pelo Estado e por um número indiscriminado de particulares, muitos deles a atuar informalmente. Aos poucos, o cenário tem vindo a mudar. O número de residências multiplicou-se e, neste momento, o setor privado já assegura 6 700 camas, cerca de um terço da oferta total do País. “A prevalência do privado é mais relevante nas principais cidades, que representam cerca de 60% da oferta existente”, revela o estudo Purpose Built Student Accommodation (PBSA), da consultora Cushman & Wakefield (CW). Lisboa e Porto concentram a atenção dos investidores, maioritariamente estrangeiros, que vão lançar para o mercado mais oito mil camas nos próximos três anos, como nos assegura Ana Gomes, partner e head of Development & Living da consultora.
O estudo da Cushman & Wakefield revela um interesse crescente dos investidores pelo mercado das residências universitárias. O que está previsto?
Tem existido muita procura por parte de quem precisa de espaços para residir e também muita procura por parte dos investidores. Não só em Portugal, mas por toda a Europa. Aliás, isso é referido logo no início do nosso estudo – todo o segmento living tem vindo a ganhar terreno no mercado de investimento na Europa e, no ano passado, esteve praticamente ao mesmo nível do investimento na área de escritórios, que sempre foi muito elevado. Nas duas principais cidades do País, pelas contas feitas no nosso estudo, estão previstas mais oito mil camas nos próximos três anos. Só no Porto e já para o próximo mês, há dois projetos a abrir, um com mais de 800 quartos e outro com mais de 200, ou seja, só aqui estão mil camas. E em Lisboa temos o projeto do Campo Pequeno com mais de 200 quartos.