Ao longo das últimas semanas assistimos à divulgação de notícias que achávamos impossíveis: gigantes tecnológicos como a Google a abrandarem a sua atividade através de redução nas contratações e dispensa de profissionais que pareciam imprescindíveis. O que explica o abrandamento de uma indústria que continua a crescer a alta velocidade?
Aquele que já era um mercado de grande disputa pelo talento tornou-se ainda mais competitivo através da abertura de novos Tech Hubs de empresas multinacionais. Em contrapartida, no seu estado ainda embrionário, estas também apresentam uma redução da workforce a nível global.
Há vários setores que, direta ou indiretamente, estão a contribuir para esta inversão, sejam eles económicos, sociais e até políticos: com o alívio das restrições associadas ao Covid-19, muitas das empresas que tiveram o seu grande crescimento durante a pandemia viram-se obrigadas a adaptar-se e a pensar na sustentabilidade financeira, tendo em consideração os movimentos da bolsa americana que influencia futuros investimento.
Além disso, e para muitas empresas, a Guerra entre a Ucrânia e a Rússia, juntamente com as sanções aplicadas ao governo de Putin, forçaram a adoção de novas estratégias, o que leva ao abrandamento de novas contratações e uma redefinição da sustentabilidade económica das organizações tecnológicas.
No entanto, não é pela instabilidade de algumas marcas que acabam por não ter o sucesso esperado, que o mercado de talento nacional arrefeceu em termos de novas contratações. E o exemplo disso é o mercado tecnológico, onde existem empresas com uma forte estratégia de crescimento e ramp-up de equipas. Há empresas e consultoras tecnológicas com uma perspetiva de crescimento entre os 100 e 300 colaboradores até ao final do ano.
Ainda que incrivelmente especializada, a verdade é que a indústria das Tecnologias da Informação não escapa a tendências que têm sido transversais no mercado de trabalho – estamos perante um mercado recheado de talento e com um forte potencial de desenvolvimento. No entanto, a abordagem aos candidatos está a tornar-se cada vez mais complexa, uma vez que existe uma saturação de procura pelos mesmos perfis e tecnologias. Esta realidade vem desafiar as empresas e as suas respetivas equipas de Talent Acquisition a tornarem-se mais criativas não só nas formas de abordagem e captação de talento, mas também na sua retenção, tornando os pacotes de benefícios mais apelativos e com uma forte aposta na flexibilidade do regime de trabalho