O responsável pelo Comité de Relações Internacionais do Senado dos EUA, Ben Cardin, foi vítima de uma tentativa de fraude com recurso a deepfakes, ou seja, conteúdo gerado artificialmente para se fazer passar por outra pessoa. No caso agora tornado público, Ben Cardin recebeu um email na semana passada que parecia ter sido enviado por Dmytro Kuleba, o ex-ministro ucraniano para os Negócios Estrangeiros, a solicitar uma reunião via Zoom.
Durante a reunião, a pessoa que se fez passar por Kuleba, colocou várias questões políticas relacionadas com as eleições dos EUA, segundo um email enviado pelo gabinete de segurança do Senado. Durante a conversa, o cibercriminoso tentou obter a opinião de Cardin sobre vários temas, incluindo a sua posição sobre o disparo de mísseis de longo alcance para território russo.
Cardin acabou por desconfiar do teor da conversa e reportou-a ao Departamento de Estado que, avançado com a investigação, concluiu ter-se tratado de um esquema com recurso a deepfakes. Por e-mail ao The New York Times , o senador confirma que “nos últimos dias, um ator maligno tentou ludibriar-me para ter uma conversa fazendo passar-se por um indivíduo conhecido”, sem revelar que se tratava de Kuleba. Esta última informação acaba por ser confirmada na comunicação do gabinete de segurança.
“Embora estejamos a assistir a um aumento de ameaças de engenharia social nos últimos meses e anos, esta destaca-se pela sua técnica sofisticada e credibilidade”, alertam os especialistas do Senado.
Recorde-se que, na iminência das eleições presidenciais nos EUA, têm surgido múltiplas demonstrações do uso de Inteligência Artificial onde se manipulam conteúdos de vídeo e áudio para replicar celebridades ou figuras políticas: uma chamada automatizada feita por consultores políticos onde se faziam passar por Joe Biden a apelar à não comparência dos eleitores às mesas de voto, Musk a mostrar um vídeo deepfake na X onde vemos Kamala Harris a autoproclamar-se “a última contratação de diversidade” e que teve “quatro anos na tutela de um fantoche do Estado, um grande mentor, Joe Biden” e um vídeo publicado por Trump onde uma Taylor Swift gerada por IA lhe manifesta apoio.