Gameiro Marques, diretor-geral do Gabinete Nacional de Segurança (GNS), desmentiu hoje que o pedido de demissão do coordenador do Centro Nacional de Cibersegurança (CNCS) esteja relacionado com a falta de verbas para contratar pessoal, mas confirma que o braço ciberoperacional do Estado não tem conseguido contratar as pessoas necessárias para preencher todas as vagas. Num encontro com jornalistas, realizado durante o exercício de cibersegurança nacional, o responsável pelo GNS justificou a dificuldade de contratação de especialistas em cibersegurança com os salários muito competitivos que caracterizam atualmente o mercado das tecnologias.
Aquando da constituição, previa-se que o CNCS contasse com uma equipa de 26 profissionais. Gameiro Marques preferiu não referir quantos profissionais tem o CNCS atualmente, mas ilustrou os efeitos da grande procura por especialistas de cibersegurança com a saída de três profissionais durante o ano passado. «Um deles foi trabalhar para o Reino Unido; os outros dois foram trabalhar para uma empresa que se instalou no Porto», acrescentou o diretor-geral do GNS, que superintende o CNCS (o Centro Nacional de Cibersegurança está integrado no GNS).
Gameiro Marques recorreu a um número para distinguir a alegada falta de verbas do CNCS e o facto de os salários dos especialistas em cibersegurança estar muito acima da média nacional. «Recentemente, tivemos um incremento de 20% na rubrica para a contratação de pessoas». «O CNCS tem uma tabela salarial superior à das entidades da Administração Pública (AP) que estão sob gestão direta do Estado», frisou o diretor-geral do GNS.
Mesmo com uma média salarial acima da média dos funcionários públicos, há ainda vagas para ciberoperacionais que permanecem por preencher no CNCS. Gameiro Marques garante que a falta de pessoal não tem impedido o Centro de cumprir as metas fixadas para os vários projetos em que participa, mas também não esconde a apreensão: «Não é por ter mais orçamento que vamos lançar mais projetos. Para isso, era preciso ter mais pessoas».
O diretor-geral do GNS reiterou os elogios ao desempenho profissional de Pedro Veiga, coordenador do CNCS que apresentou demissão na quarta-feira, e lembrou a «ótima relação» entre os dois. Gameiro Marques também negou que a demissão esteja relacionada com o Exercício Nacional de Cibersegurança de 2018, que termina esta quinta-feira.