Dentro de mil milhões de anos, há uma possibilidade de já não haver humanos a viver na Terra – e há mesmo quem acredite que já não haverá vestígios da sua passagem por este planeta. Como é que um alienígena poderá saber o que era a vida neste local? O artista e escritor Trevor Paglen teve uma ideia: escolhe-se 100 fotos ilustrativas da vida humana no planeta, e envia-se as imagens para um satélite geoestacionário que orbita em torno da Terra.
Com data de voo agendada para 20 de novembro, o projeto Last Pictures prepara-se agora para entrar em contagem decrescente.
O processo de seleção de fotos foi coordenado pela artista Anya Ventura, que por sua vez contou com o apoio de cinco investigadores. Tudo começou com uma amostra de 10 mil imagens, que foi depois reduzida para 500 e que terminou com o tal número de redondo de 100 fotografias.
Segundo a Wired, os mentores do projeto já encontraram soluções para dois dos grandes desafios colocados por este projeto: dois investigadores do MIT desenvolveram uma técnica que recorre a silício e evita a difusão molecular (que altera as propriedades e a posição das moléculas), permitindo que cada uma das fotos possa durar milhares de milhões de anos; através de uma parceria com a empresa EchoStar, o Last Minutes garantiu uma boleia rumo ao espaço, num satélite que, todos esperam, permanecerá em órbita quando na Terra já nada restará do que hoje existe.
Paglen admite que o projeto tem como fonte de inspiração as 116 imagens que o cientista Karl Sagan elegeu como ilustrativas da vida no Universo. Mas recorda que a seleção do projeto Last Pictures não está confinado às fronteiras da história ou da antropologia: «No início, pensámos nestas imagens como um arquivo, mas mais tarde copmeçámos a vê-las como um filme mudo, como poesia. Acabámos por tomar decisões estéticas».
Nesta página pode ver algumas das fotos selecionadas. No site da Wired, já é possível ver várias das 100 imagens selecionadas pelo Last Pictures. O site do projeto também dá a conhecer outras imagens selecionadas – que hoje já se encontram num livro.