A agricultura é, em simultâneo, um dos principais causadores e uma das grandes vítimas das alterações climáticas. Por um lado, é responsável por 19 a 29 porcento do total das emissões de gases com efeito de estufa, por outro, o aumento da temperatura, a variabilidade climática, o aparecimento de espécies invasoras, decorrentes das alterações climáticas, têm cada vez mais impacto negativo na qualidade e quantidade das culturas. “Serão necessários investimentos substanciais em adaptação para manter o rendimento atual e alcançar aumentos na produção e na qualidade dos alimentos que possam corresponder à procura”, aponta o Banco Mundial, que tem um programa de promoção da agricultura inteligente.
Preservar o que existe e aumentar a produtividade para alimentar uma população mundial a crescer continuamente, só será possível com uma gestão dos solos cada vez mais baseada no conhecimento e com a ajuda da tecnologia. No projeto AdaptForGrazing, inscrito no Programa de Recuperação e Resiliência, será estudada a vegetação de todo o país, tendo em vista a adaptação dos sistemas agrícolas às alterações climáticas, “pondo inteligência na gestão do solo”, resume a coordenadora do projeto, Cristina Branquinho, professora do Departamento de Biologia Vegetal da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, e investigadora do Centro de Ecologia, Evolução e Alterações Ambientais (cE3c). A ideia é conhecer aprofundadamente todo o território agrícola, identificar os riscos –de desertificação, geada, incêndios –e antecipar a evolução tendo em conta os cenários das alterações climáticas. “Queremos identificar as vulnerabilidades do presente e do futuro”, avança a responsável, que terá 825 mil euros e 29 entidades para gerir.