Dois novos trabalhos, da Universidade de São Francisco e da Universidade de Princeton, descrevem a forma como pode ser combinada a utilização de engenharia de células com os mais avançados métodos de computação para criar mecanismos de combate ao cancro. A abordagem já está a ser explorada há algum tempo, mas a novidade agora é a utilização das soluções mais recentes em ambos os campos.
Investigadores de Princeton descrevem como foram capazes de usar uma abordagem de aprendizagem de máquina para analisar bases de dados massivas com milhares de combinações de proteínas encontradas em células saudáveis e em células cancerígenas. A análise com recurso a sistemas computadorizados permitiu avaliar milhões de possíveis combinações e criar um catálogo de combinações que podem ser usadas para apontar apenas às células malignas, deixando as saudáveis intactas. Num estudo posterior, publicado na Science, Wendell Lim, da Universidade de São Francisco, aliou-se a outros colegas para descrever como as proteínas desenhadas com recurso a computador podem ser usadas em terapias personalizadas e altamente eficazes contra o cancro.
O investigador explica que a vantagem desta proposta é permitir maior granularidade nos tratamentos: “atualmente, a maior parte dos tratamentos, incluindo terapêuticas celulares, passam por ‘bloqueia isto’ ou ‘elimina aquilo’. Queremos aumentar as nuances e a sofisticação das decisões que as células têm de tomar”, cita o EurekaAlert.
Olga G. Troyanskaya, da Universidade de Princeton, descrevem que “o campo da análise de big data relacionados com cancro e o campo da engenharia de células explodiram nos últimos anos, mas as vantagens destes avanços não foram trazidas de forma combinada. A capacidade de computação nas terapêuticas celulares em conjunto com aprendizagem de máquinas permite o uso ativo de dados genómicos e proteicos cada vez mais ricos”.
O trabalho destas duas equipas passa “essencialmente por um manual de engenharia de células que nos fornece as plantas para como construir diferentes classes de células T terapêuticas que consigam reconhecer quase todos os padrões combinados que possam existir numa célula cancerígena (…) Não estamos à procura de uma bala mágica única, mas sim estar a usar todos os dados”, conclui Wendell Lim.