Ricardo Pereira assume-se como um maker. Alguém que gosta de criar e produzir os seus próprios produtos. O designer industrial já tem uma longa carreira profissional, mas confessa que o que mais o entusiasma é o trabalho em comunidade. Aliás, Ricardo Pereira tem um histórico nesta área, já que criou a Problender – Associação Portugesa de Blender, um conhecido programa open source de modelação e animação 3D.
O maker é um dos três portugueses que estão envolvidos no projeto Enabling The Future, que junta cerca de 4000 voluntários no desenvolvimento e produção de próteses, sobretudo para crianças que nasceram com deficiências nas mãos. Durante o Portugal 3D, Ricardo Pereira explicou o conceito da e-NABLE: «não pretendemos desenvolver próteses sofisticadas capazes de substituir as próteses médicas, mas sim criar soluções para crianças cujas famílias não têm recursos para gastar muitos milhares de euros por ano em próteses». Até porque, relembra o maker, «as crianças estão sempre a crescer e muitas vezes o tempo que passa entre o pedido da prótese às instituições e a chegada efetiva da prótese faz com que a mesma já não seja adequada». O objetivo da e-NABLE não é, portanto, apenas criar soluções para crianças de famílias e de países com pouco recursos. «Uma prótese temporária que, por exemplo, permita uma criança segurar bem um iogurte sem se sujar na creche faz toda a diferença», sublinha Ricardo Pereira, que mostrou à audiência do Portugal 3D algumas das suas criações. Além de próteses funcionais para as mãos, o designer já criou próteses para substituir uma orelha e um nariz.
Qualquer pessoa pode recorrer ao site do projeto, em http://enablingthefuture.org/, tanto para participar na criação das próteses como para pedir uma prótese. O processo de pedido é relativamente simples: envio de fotos e de algumas medidas dos membros da criança.