Geralmente a causa da morte dos pequenos pinguins azuis (Kororã) na Nova Zelândia é atribuída a cães, predadores ou atropelamento por veículos motorizados. No entanto, há registo de 452 corpos encontrados nas últimas seis semanas, metade dos quais só nos últimos dez dias, algo que permite suspeitar de uma espécie de evento de morte coletiva.
Na Praia Ninety Mile foram descobertos 183 corpos na última semana, enquanto na Cable Bay se encontraram mais 100. Segundo os investigadores, a falta de alimento, causada pelo aquecimento global e alterações climáticas, está a causar a morte a estes animais.
As autoridades climatéricas na Nova Zelândia apontam para 2021 ter sido o ano mais quente no país desde que há registos. Este aquecimento elevou a temperatura das águas, o que forçou os peixes a procurar águas mais frias, afastando-se dos pinguins, o que lhes retirou o alimento.
Devido à privação de alimentos, os pinguins parecem ter consumido toda a gordura corporal para se manterem nutridos, com os cadáveres encontrados a serem bastante mais pequenos do que o habitual: “todos os corpos encontrados eram muito leves. Estes pássaros deviam ter entre 800 e 1000 gramas, mas estavam a cerca de metade desse peso (…) Simplesmente não tinham gordura corporal, não havia músculos para ver. Quando atingem esse nível de emaciação, não conseguem mergulhar”, conclui Grame Taylor, cientista no Departamento de Conservação daquele país, ao Motherboard.
O investigador revela ainda que o número de kororãs mortos pode ser bastante superior ao que está a ser publicamente anunciado, com muitos dos cadáveres a serem enterrados pelos transeuntes ou a ainda não terem aparecido.
Atualmente há menos de 500 mil adultos desta espécie no mundo, com os especialistas a alertar que as alterações climáticas podem dizimar esta população, a um ritmo acelerado, nos próximos tempos.