Regra geral, quando se fala de vinho de Favaios, imediatamente temos tendência a pensar no moscatel que é produzido nesta região do Douro. O nome da vila de Favaios, pertencente ao concelho de Alijó, tornou-se mais famoso no País pelos vinhos fortificados do que propriamente pela povoação em si. E não é para menos.
Fundada em 1952, a Adega de Favaios notabilizou-se na produção de moscatel, não só é o principal produtor deste vinho fortificado na Região Demarcada do Douro, como também o líder no mercado nacional, com uma quota de 52% de todo o moscatel que é produzido em Portugal. Um dos seus maiores trunfos foi o lançamento da Favaíto, uma pequena garrafa com uma dose individual de moscatel, em 1985. Atualmente, a adega vende por ano, em média, 32 milhões de unidades desta garrafa miniatura de moscatel do Douro, o equivalente a 61% das vendas de moscatel produzido pela cooperativa.
Mas nem sempre foi assim. A produção de vinhos de mesa de Favaios era reconhecida no País na década de 50. Era uma venda a granel que chegava a quase todo o território nacional, principalmente a Lisboa e ao Porto.
A aposta em vender vinhos em garrafa começou em 1961, mas só em 1974 viria a ganhar expressão com o lançamento de vinhos como Casa Velha Reserva Tinto. Esta decisão nem sempre foi consensual, pois alguns associados defendiam que a adega deveria limitar-se à vinificação e venda a granel, como era comum nas cooperativas em meados do século XX.
Mas os tempos mudam, e hoje, com novas técnicas e muito investimento feito na adega, a chancela Casa Velha continua a lançar os seus vinhos de mesa.
Como explica Miguel Ferreira, diretor de enologia, “o esforço financeiro que a Adega tem realizado nas últimas duas décadas, associado à qualidade das uvas do planalto de Favaios, tem permitido que a cooperativa produza, de forma consistente, brancos de qualidade notável e, mais recentemente, de tintos”.
No ano passado, lançaram dois brancos e um tinto com a chancela Casa Velha: Casa Velha Reserva Branco 2022, Casa Velha Grande Reserva Branco 2022 e Casa Velha Reserva Tinto 2021.
“A nossa marca de referência dos vinhos DOC Douro, Casa Velha, foi criada para valorizar as melhores colheitas de uvas tintas e brancas do planalto de Favaios”, diz Mário Monteiro, presidente da direção da cooperativa.
No ano passado, a Adega de Favaios atingiu uma faturação de 20 milhões de euros, totalizando 7,4 milhões de litros de vinho. Cerca de 10% do volume de negócios é proveniente dos mercados externos. Os seus produtos são comercializados em todos os continentes, num total de 25 países. Os principais são o “mercado da saudade” na Europa, o Brasil, EUA, Canadá, China e Angola.
O moscatel continua a ser rei na Cooperativa de Favaios. Em 2023, existiam 9,5 milhões de litros deste vinho fortificado em envelhecimento na adega.
“Temos sempre dentro de portas o triplo do moscatel que vendemos anualmente. É um investimento no futuro e na qualidade. São estas reservas que nos permitem manter um perfil constante no nosso moscatel clássico. É um selo de segurança e de confiança. É este moscatel que ganha medalhas de ouro”, esclarece Mário Monteiro.
Uma estratégia que faz sentido para acrescentar valor aos vinhos que ali são produzidos. Afinal, são os moscatéis mais envelhecidos, o Reserva e o 10 anos, os mais vendidos e com maiores margens.
A cooperativa comercializa também moscatéis de colheitas específicas, tendo atualmente no mercado edições de 2000, 1999, 1989, 1980 e a comemorativa dos 70 anos da Adega, um lote das sete melhores colheitas de cada década de existência da adega. Possui ainda vinhos fortificados mais antigos que já não estão à venda, nomeadamente de 1964 e 1975.
A par da produção e venda de vinhos, a Adega de Favaios tem a funcionar, desde 2012, um serviço de enoturismo. No total, por ano, visitam a adega e todo o processo de produção cerca de 25 mil pessoas, sendo a grande maioria proveniente dos EUA, Reino Unido e França.
Como os números mostram, em Favaios o moscatel é rei, mas isso não quer dizer que não haja produção de vinhos de mesa de qualidade. E estes três vinhos agora lançados são a prova de que Favaios não se esgota no vinho fortificado.
CASA VELHA GRANDE RESERVA BRANCO 2022

>REGIÃO
Favaios, Douro
>Onde encontrar
Em garrafeiras nacionais, PVP €16
> O vinho
Feito a partir de uvas selecionadas, das castas Viosinho e Gouveio, que juntas representam 90% deste vinho, estagiam 12 meses em barricas de primeiro e segundo ano. Na prova, é um vinho envolvente e cremoso, bem balanceado e que se prolonga na boca.
> Notação
AA
CASA VELHA TINTO RESERVA 2021

>REGIÃO
Favaios, Douro
>Onde encontrar
Nas principais garrafeiras nacionais, PVP €12
> O vinho
Tem uma seleção de três castas tradicionais do Douro: Touriga-Franca, Tinta-Roriz e Touriga-Nacional, e estágio mínimo de 18 meses em barricas de carvalho francês. O resultado é um vinho complexo, com destaques de frutos vermelhos e boa acidez.
> Notação
A
CASA VELHA RESERVA BRANCO 2022

>REGIÃO
Favaios, Douro
>Onde encontrar
Nas principais garrafeiras nacionais, PVP €11
> O vinho
Produzido a partir das castas Viosinho (50%), Gouveio (40%) e Rabigato (10%), é um vinho de cor amarela-citrina, com notas frutais cítricas bem integradas com a madeira
> Notação
A
Criámos uma escala inspirada nas agências de rating. Boas provas!
> Notação
AAA Fabuloso
AA Muito bom
A Bom
BBB Satisfatório
BB Mau
C Não beba!