De um lado, uma economista com muita experiência em imobiliário; do outro, a CEO da Zome, a imobiliária nacional que tem crescido a um ritmo significativo nos últimos anos. Em comum, uma certeza: algo tem de mudar, para que as famílias portuguesas não sejam consumidas pelos encargos financeiros a que os atuais valores praticados estão a obrigar para garantir aquilo que é um dos direitos fundamentais na Lei fundamental portuguesa. A constituição familiar mudou, a vida mudou e o parque imobiliário não acompanhou estas mudanças.
Segundo dados dos Censos de 2021, 73,2% dos portugueses têm casa própria. É esse o seu principal ativo, aquele em que deixaram grande parte ou a totalidade das suas poupanças, e o facto de os preços do imobiliário subirem é, de algum modo, uma boa notícia: significa que os ativos da grande maioria dos portugueses estão a valer mais. O problema é que, para aqueles que querem comprar a primeira habitação ou que precisam de mudar de casa, os preços são proibitivos.
E isso tem tido impacto no estado de espírito da população, levado à disseminação de desinformação e, recentemente, obrigado o Estado a agir, porque, efetivamente, são demasiadas as famílias sobrecarregadas com o esforço para fazerem face aos encargos com rendas e créditos à habitação – entretanto agravados com a subida repentina de juros. O recente pacote Mais Habitação tenta mitigar alguns dos impactos imediatos, mas, como salientaram as especialistas, continuam a faltar políticas estruturais de longo prazo.
Uma conversa que vale a pena ver e/ou ouvir na íntegra.
*Esta conversa foi publicada inicialmente em maio de 2023.