A inflação até pode mostrar sinais de desaceleração, mas em Portugal as famílias vão continuar a sentir o peso do aumento dos preços nas carteiras. Para além das subidas genéricas de gás, eletricidade e telecomunicações, o preço do cabaz alimentar também continua a subir.
Hoje, cada cabaz de bens alimentares essenciais – que considera 63 produtos entre carne, peixe, mercearias, legumes e afins – custa mais €41,04 do que a 23 de fevereiro de 2022, véspera da invasão da Ucrânia por parte da Rússia. Ou seja, já chega aos 224,67- 29,5% do salário mínimo nacional, fixado no início deste ano em €760.
Este é um aumento que consome, também, praticamente, todo o incremento salarial que os trabalhadores da administração pública com salários até €2 612 recebem, a partir desta sexta-feira: €52,11.
Já os trabalhadores do setor privado, onde não tem havido um aumento genérico de salários, terão de continuar a acomodar as subidas do custo de vida, que já está muito acima da inflação, que terá sido de 9,6% em dezembro, segundo estimativas do INE.
Só o preço do arroz disparou 94% desde fevereiro do ano passado, com a pescada fresca a custar mais 92%. A alface (61%), o açúcar (49%) e o leite UHT meio gordo (41%) são outros dos produtos que registam significativos aumentos de preços, e que fazem parte da alimentação base de muitas famílias. Os dados foram compilados e tratados pela DECO/Proteste.
Contas feitas e o cabaz de bens alimentares essenciais, para um mês, tem praticamente o mesmo valor que o apoio extraordinário de €240 que foi anunciado em setembro por António Costa, em entrevista à VISÃO, destinado às famílias mais vulneráveis.