Fomo-nos habituando, ao longo dos anos, a ter algum receio de pedir o vinho da casa quando entramos num restaurante. Esse cenário tem vindo a mudar, muito graças à opção de alguns espaços terem começado a optar por ter, efetivamente, vinhos produzidos exclusivamente para si. E é precisamente nesses que às vezes nos deparamos com algumas boas surpresas.
Foi o que aconteceu quando experimentámos, há uns dias, o vinho da casa do ‘Beija-me Burro’, um restaurante de petiscos tradicionais portugueses em Oeiras. Produzido pela centenária Rozés, pelos enólogos Manuel Henrique Silva e Luciano Madureira, existe nas opções tinto, branco e rosé.
O branco atualmente disponível, colheita de 2019, leva-nos ao Douro assim que o sentimos no nariz: alguma mineralidade, a frescura das frutas brancas e a elegância do terroir duriense. Com 12,5% de teor alcóolico, acompanha perfeitamente as várias opções da lista do restaurante, desde a Burrata de Búfala com salada de tomate cherry e presunto de Parma, a salada de polvo com coulis pimentos vermelhos ou as mini-almondegas de novilho com molho de tomate picante.
Suficientemente estruturado para aguentar as bolinhas crocantes de morcela de arroz e maçã verde, é uma referência facilmente consensual numa mesa em que os perfis dos comensais podem ser muito variados. E é a prova de que nem sempre rejeitar à partida os vinhos da casa é a melhor opção – sobretudo numa altura em que as cartas de vinho garantem margens perto dos 50% em todas as referências, o que pode fazer-nos pagar demasiado por algumas das opções que têm à disposição.
Na dúvida, peça para provar o vinho da casa – se não o conhecer – e surpreenda-se ainda com os espaços que vão variando nas opções, trocando muitas vezes o seu vinho da casa a cada semana, o que permite, não raras vezes, conhecer produtores novos e menos conhecidos.
Boas provas!