Entre governo e governança há um abismo. O primeiro detém o poder, ou a sensação de poder, enquanto o outro representa o verdadeiro ato de administrar e comandar. Essa diferença, substancial e significativa, levou o primeiro-ministro, Luís Montenegro, a questionar se o PS e o Chega desejam governar a partir da Assembleia. Se essa for a intenção, que informem o Presidente da República. Se as propostas do Governo são viradas do avesso, em comissão ou plenário, então Portugal não precisa de um Governo, mas apenas de um mero Executivo. Complicado?
Parece, mas basta analisar os Estados Unidos: quem governa naquele país? O Presidente não, como ficou evidente recentemente. O Governo reside na Câmara dos Representantes e no Senado, e o ocupante da Casa Branca apenas executa as decisões. Deles, e nada mais. Será que a Assembleia da República, com a maioria absoluta do PS e do Chega, pretende copiar essa boa governança?
O PM questionou, e André Ventura já respondeu: se o Governo não governa, não decide, não age e apenas atrapalha, então a sede do Governo deveria ser transferida de São Bento para o Palácio da Assembleia, em São Bento. Ou seja, a residência oficial do PM passaria a ser um anexo da AR. Valerá a pena consultar os portugueses, esses cidadãos anónimos e desconhecidos, para se saber quem governa: se o dito, com suas competências próprias, se a Assembleia da República, no modelo do Congresso americano?
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